Pedestre tem sempre que correr? As leis dizem que não, mas...

Pesquisa Travessia Cilada mostra que os semáforos de pedestres demoram mais de dois minutos para abrir, mas fecham em menos de 10 segundos

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Fonte: Mobilize Brasil / Corrida Amiga  |  Autor: Mobilize Brasil  |  Postado em: 23 de maio de 2024

Atravessar a rua: pedestre sempre tem a prioridade

Atravessar a rua: pedestre sempre tem a prioridade

créditos: Reprodução / Quarenta e Quatro / Santa maria (RS)

A campanha Travessia #Cilada divulgou ontem (22) os resultados da sua segunda edição, realizada em maio. A ação colaborativa avaliou 167 travessias de pedestres em 21 cidades de seis estados brasileiros.


Dos locais avaliados pelos voluntários, 120 contam com semáforos específicos para pedestres, 26 têm somente semáforos para veículos, e 21 não têm semáforos ou o equipamento não estava funcionando.


Com relação aos tempos, as medições realizadas pela campanha indicaram que quem caminha precisa ter paciência, mas precisa estar sempre atento e treinado para uma corridinha. O tempo médio de espera do pedestre foi de 131 segundos (2 min. e 11 seg.). Por outro lado, para a travessia em 54% dos semáforos, os pedestres têm apenas dez segundos para atravessar a via. E, quando se consideram todas as 146 travessias semaforizadas, o tempo médio de travessia é ainda menor, com apenas sete segundos. Ou seja, se piscar, perde a vez.


Esses tempos são, muitas vezes, insuficientes para a travessia, especialmente para pessoas com mobilidade reduzida ou pessoas mais idosas. Em 2017, a Faculdade de Saúde Pública da USP realizou um estudo e constatou que 98% dos idosos da cidade de São Paulo não conseguem caminhar à velocidade de 4,3 km/h, que é o padrão considerado pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-SP) para os semáforos da cidade. Na média, a velocidade dos voluntários com mais de 60 anos que participaram do estudo foi bem menor que o exigido: apenas 2,7 km/h. O estudo está disponível (em inglês) no link https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S2214140516302250.


Silvia Stuchi, fundadora e diretora do Instituto Corrida Amiga, explica que a ação Travessia #Cilada foi criada para sensibilizar a população, e sobretudo as autoridades,  sobre a necessidade de rever os tempos semafóricos e oferecer condições mais seguras e confortáveis para que as pessoas possam caminhar nas cidades.


Ela lembra que, conforme o Código de Trânsito Brasileiro (art. 29 §2°), a preferência de circulação é sempre do pedestre. Outra legislação, o Estatuto do Pedestre de São Paulo (Art. 11, IV) estabelece que "o tempo máximo de espera do pedestre para a abertura do semáforo, de forma a não induzir ao seu desrespeito, deve ser de 90 (noventa) segundos".


A amostragem da Campanha Travessia #Cilada revela que “nas cidades brasileiras, os tempos semafóricos estão muito longe de cumprir a legislação na garantia de segurança das pessoas, em especial, de crianças, pessoas com deficiência e idosos", conclui Silvia Stuchi.


Agora, explica a coordenadora, as organizações envolvidas na campanha irão encaminhar os dados e o relatório de análise - que também contém boas práticas para melhorias nas cidades - aos órgãos responsáveis em cada um dos municípios.


Para saber mais sobre a ação Travessia #Cilada, acesse o Instagram @corridaamiga ou envie um e-mail: contato@corridaamiga.org.


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