Sinistros de trânsito tiraram a vida de 111 moradores do Distrito Federal durante o ano de 2023. Destes, 31 eram pedestres que tentavam driblar o fluxo motorizado incessante nas vias de tráfego rápido em Brasília e arredores. Neste ano de 2024, até março, nove pedestres perderam a vida nas rodovias que cortam a capital federal.
Para reduzir as mortes de pedestres no trânsito, o DER está instalando gradis sob as passarelas do Sistema Rodoviário do Distrito Federal (SRDF). “Essa instalação tem a função social de disciplinar o pedestre”, explicou o engenheiro Mozer Teixeira de Castro em entrevista à Agência Brasília.
O objetivo é desestimular a prática perigosa de atravessar as pistas em meio ao grande fluxo de carros e direcionar os pedestres para as passarelas e pontos seguros de travessia, segundo o Governo do Distrito Federal (GDF), que " investe em medidas para aumentar a segurança de pedestres e motoristas nas vias da capital federal, com a instalação de gradis de metal em pontos estratégicos".
“O DER trabalha na reforma das passarelas, mas mesmo assim as pessoas ainda optam pela travessia clandestina, correndo pela pista e colocando suas vidas e de terceiros em risco. É uma barreira física para evitar que o pedestre faça essa travessia e para direcioná-lo a usar a passarela”, acrescenta o engenheiro Teixeira de Castro.
Conforme o engenheiro, o local de instalação das estruturas é definido após análise das equipes técnicas do departamento. O projeto também atende às áreas de condicionantes ambientais quando solicitado pelos órgãos competentes. “Temos um contrato com uma empresa especializada no ramo e estamos estudando outros pontos que possam vir a receber os gradis, caso necessário”, acrescenta.
Trecho de avenida bloqueado com grades de segurança Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília
Até o momento, as equipes do DER realizaram a instalação de 2,5 mil metros lineares de gradis no Pistão Sul, em frente à Universidade Católica e ao Taguatinga Shopping, onde os trabalhos ainda estão em andamento; na BR-020, próximo ao Posto Itiquira; DF-005, na altura do Varjão; e nas regiões administrativas de Planaltina, Itapoã e Candangolândia. O investimento ultrapassa R$ 3,6 milhões.
Outra via que também recebe o reforço dos dispositivos é a Estrada Parque Guará (EPGU), na altura da passarela que dá acesso ao Zoológico de Brasília. No local, são instalados 190 metros de gradis, com 6 cm a 8 cm de largura e feitos em chapas metálicas de 1,5 mm de espessura.
Passarelas são um ótimo recurso para evitar interrupções no trânsito. Mas, em geral, são péssimas para os pedestres porque multiplicam as distâncias a serem percorridas na simples travessia de uma avenida expressa. Mesmo o genial arquiteto João Filgueiras Lima (Lelé), que desenhou as passarelas pré-moldadas de Salvador (BA) e de Brasília, não conseguiu resolver essa estranha artimanha que obriga pedestres, cadeirantes e idosos a longas caminhadas para cima e para baixo - às vezes em ziguezague - para não atrapalhar a passagem de pessoas que conduzem veículos motorizados.
Na falta de outro recurso, claro, vamos pela passarela. Mas qual seria a solução mais justa?
+ Reduzir velocidades e colocar semáforos de pedestres?
+ Rebaixar o tráfego motorizado para permitir a travessia de pedestres em nível?
+ Redesenhar as passarelas para evitar os ziguezagues?
+ Outras ideias?
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