São Paulo tem ônibus sem catraca

Coletivos circulam na linha que conecta o aeroporto de Congonhas à estação São Judas do metrô. Só falta uma faixa ou corredor exclusivo para o busão ficar perfeito

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa / Mobilize Brasil  |  Postado em: 26 de março de 2024

Ônibus sem catraca: mais confiança no passageiro

Ônibus sem catraca: mais conforto e respeito ao passageiro

créditos: SPTrans

Sempre que viajo, procuro usar o transporte coletivo para chegar aos aeroportos. Especialmente depois que Guarulhos passou a contar com o Expresso Aeroporto da CPTM: basta pegar o metrô, descer na estação Luz, caminhar até a plataforma do trem urbano, embarcar e relaxar olhando a paisagem. Há também a opção de seguir de metrô até a estação Tatuapé e lá embarcar no ônibus 257 da EMTU, mas a viagem pode ser um pouco mais demorada, a depender do trânsito.


Congonhas, na zona sul de São Paulo, está mais perto do centro da cidade, mas o acesso é muito mais complicado porque não há metrô nem trem. Haveria, se a Linha 17 Ouro do metrô tivesse sido concluída em 2014, como estava previsto. Assim, a alternativa mais racional tem sido o ônibus urbano da linha 609J-10 Congonhas-São Judas. Em geral, são 20 a 25 minutos de percurso entre o aeroporto e o metrô.


Na última sexta-feira (22 de março), voltando de Curitiba, desembarquei em Congonhas junto com centenas de passageiros, debaixo de chuva. Lá fora, encontrei uma multidão aguardando táxis e carros de aplicativos. Eu ainda não sabia, mas a cidade estava completamente congestionada pelo excesso de veículos nas ruas. Eram 1.371 km de vias paradas, um recorde.


Desci até o ponto e aguardei uns 15 minutos até a chegada do ônibus, que recolheu cerca de 20 pessoas, entre trabalhadores do aeroporto, comissári@s de bordo e alguns viajantes, incluindo um rapaz que levava várias malas e um cachorrinho estressado pela confusão urbana.


Desta vez tive a boa supresa de viajar em um coletivo dotada apenas de um validador de cartões, sem a terrível catraca, barreira muito dura para pessoas obesas, passageiros com malas ou sacolas de compras, ou idosos. Mas havia sim uma cobradora que pacientemente recebia as passagens em dinheiro, fazia os trocos, orientava os novatos sobre onde colocar as bagagens e explicava que o ônibus faria o ponto final exatamente na porta do metrô.


A viagem foi tranquila, apesar da enorme dificuldade que o motorista enfrentou para conduzir o ônibus em meio ao trânsito caótico daquela tarde, quase noite. O coletivo levou quase uma hora para percorrer os poucos quilômetros de seu trajeto, entre freadas, buzinas, algumas bufadas do motorista e latidos do cachorrinho assustado.

Ficou clara, óbvia, a falta de uma faixa exclusiva para a circulação prioritária do coletivo, que em certo momento já levava cerca de 60 passageiros.


Ônibus do transporte público não podem ficar presos em congestionamentos gerados por carros que transportam em média 1,3 pessoa. Transportes coletivos precisam ter faixas livres para chegar antes dos carrões que entopem as ruas. Não precisam ter as humilhantes catracas e, certamente, devem contar com funcionários ativos, bem treinados, que orientem e ajudem os passageiros, especialmente idosos, crianças e pessoas com deficiência.

Um transporte assim, mais humanizado, atrairá mais gente e reduzirá congestionamentos e outras mazelas do trânsito.


*Marcos de Sousa
é jornalista e editor do Mobilize Brasil

 

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