No começo de fevereiro, a Prefeitura de Paris anunciou que vai triplicar a taxa cobrada para quem estacionar os enormes SUVs no centro da cidade, para tentar reduzir o acesso desses veículos altamente poluentes e tomadores do espaço público.
Dez dias após esse anúncio da gestão municipal, é a vez do Conselho Municipal de Paris propor outra medida para conter impactos ambientais no ambiente urbano e melhorar a qualidade de vida da população. O Conselho é a instância que combina participação parlamentar e popular e, juntamente com a prefeitura, governa a capital francesa e seus distritos.
Agora, o Conselho veio a público para propor que sejam proibidos de circularem nas ruas durante a noite e a madrugada, entre 22h e 7h, motocicletas e scooters movidos a combustão. A intenção é reduzir o barulho na cidade, diminuir as emissões e, de quebra, permitir que o parisiense tenha um sono mais tranquilo. Pela proposta, estariam fora da restrição, ou seja, poderiam circular no período noturno apenas motos elétricas, scooters, ciclomotores de todos os tamanhos e modelos. Além, é claro, das sutis bicicletas, de todo tipo.
Não é de hoje que Paris vem propondo o fim das motocicletas no centro, e em 2022 houve até uma consulta popular que rendeu muitos votos favoráveis à restrição desses veículos.
Período experimental
A proposta atual foi defendida na quinta-feira passada (8) por Pierre-Yves Bournazel, representante do 18º distrito da capital francesa. Porém, o plano do Conselho ainda está na etapa de discussão, não virou lei ou foi promulgado como decreto, por exemplo. Além disso, está previsto que, mesmo depois de aprovado, o projeto deverá cumprir um período experimental de um ano para observação dos efeitos da retirada das motos a combustão.
Se aprovado, e para ajudar na fiscalização, caberá à prefeitura de Paris introduzir mais radares sonoros em toda a cidade e aumentar os programas de assistência financeira para incentivar a troca de modelos a combustão por elétricos.
Divergências
Fato é que o tema já vem gerando polêmica e divide opiniões na França. Grupos como a Federação Francesa de Motociclistas Furiosos (ou Fédération Française des Motards en Colère) são contra a medida de proibição, enquanto outros, como o “Ras le Scoot” (algo como "Livre-se do Scoot"), que faz campanha contra as motocicletas em geral e dizem ter interesse na comercialização de bicicletas elétricas, defendem os modelos elétricos.
De qualquer forma, é certo que a Europa está cada vez mais restrita à circulação de veículos nos centros urbanos, seja pela questão do barulho, espaço ou poluição. A medida proposta por Paris é mais uma entre tantas que visam diminuir a poluição sonora e a poluição do ar nas grandes cidades.
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