"Anillo Verde Ciclista" é uma via pavimentada, separada do trânsito motorizado e que circunda toda a área urbana de Madri, num percurso circular de quase 65 km. Apesar do nome, o circuito permite a circulação de pedestres, corredores, ciclistas a passeio e ciclistas esportivos em torno da capital espanhola, propiciando um contato diferente com as várias regiões da cidade.
A ideia de construir o Anel Verde Ciclista integrava um pacote de obras pensadas para a candidatura fracassada de Madri aos Jogos Olímpicos de 2012. A pretensão inicial era conectar muitas das futuras instalações olímpicas, bem como uma infinidade de parques e instalações esportivas municipais e grandes áreas residenciais que estavam sendo construídas naquela época, os chamados PAU (Planos de Ação Urbana). Por se tratar de um projeto relativamente barato, em comparação com outros megaprojetos realizados em Madri, a contratação de seus primeiros trechos foi realizada sem a confirmação de Madri como sede da Olimpíada.
Mapa do Anel Ciclista. Clique e veja mais informações no site da cidade de Madri
A primeira fase foi realizada entre 2000 e 2003, somando 18 km em dois trechos que naquela época nem sequer estavam interligados. Posteriormente, entre 2003 e 2005, decidiu-se realizar a segunda etapa, com mais 17 km. Finalmente, em abril de 2007 foi lançada a terceira fase com os restantes 30 km.
Em alguns trechos, o encontro da pista com os parques da cidade atrai uma multidão de usuários para puxar com mais facilidade o carrinho de compras, passear com o bebê, ensinar as primeiras pedaladas às crianças, ou circular em cadeiras de rodas. Como a largura média é de seis metros, distribuídos por duas faixas demarcadas, sugere-se que os ciclistas usem a faixa mais larga (4 m), restando 2 m para os outros usuários. Há, inclusive, um pequeno trecho em túnel.
Diversidade urbanística
Um aspecto muito interessante deste anel viário são justamente as possibilidades que ele oferece para conectar grandes bairros que até então estavam separados por barreiras artificiais, como as rodovias. Graças à construção de novas passarelas, os ciclistas e caminhantes puderam fazer comunicações rápidas entre bairros, como entre Moratalaz e Vallecas ou entre a zona de Herrera Oria e Casa de Campo. A permeabilização urbana conseguida graças à via, além dos seus benefícios desportivos, é talvez uma das suas melhores conquistas. A Faixa Verde tem também um papel importante como ponto de ligação com outras vias transversais ciclo-pedonais que no futuro irão penetrar no interior da área urbana.
O percurso completo exige cerca de quatro horas de pedalada, mas revela grandes surpresas e paisagens inéditas, além da constatação da grande diversidade de paisagens e contextos sociais no entorno de Madri: áreas verdes, rios, conjuntos habitacionais, bairros residenciais elegantes, áreas industriais e vários equipamentos esportivos. Desde 2021 a administração municipal da cidade está trabalhando na construção de passarelas que conectam o anel com os diversos bairros e com a rede cicloviária da cidade, permitindo novas conexões e rotas de mobilidade para ciclistas e pedestres, turistas e moradores.
Ponte-passarela, exclusiva para pedestres e ciclistas: barreiras impedem acesso de autos Foto: Pedalibre
Atenção: antes de aventurar-se pelo circuito é importante checar as informações sobre obras em curso, horários de acesso aso parques e também conhecer os "pontos tenebrosos", alguns locais que eventualmente podem ser invadidos por automóveis e motoristas distraídos.
Leia também:
Sabe quanto os países europeus pagam para você usar bicicleta?
Bicicleta, mais do que um modo de transporte
Brasil precisa migrar para ônibus elétricos, insiste Mercadante
Governo do Pará abre licitação para compra de ônibus do BRT
E agora, que tal apoiar o Mobilize Brasil?