Depois de uma certa paralisia e do adiamento da promessa da Prefeitura de São Paulo de chegar a 1.000 km de ciclovias até 2024, novos trechos cicloviários estão sendo terminados em alguns pontos da capital paulista. A maior parte está incompleta e, em alguns casos, exigiriam reparos antes mesmo de serem entregues à população.
Na sexta-feira (19), observamos a ciclofaixa recém-implantada na avenida Santos Dumont, extremo norte do Corredor Norte-Sul. A infraestrutura havia sido instalada em 2022, mas as obras de recapeamento asfáltico realizadas pela própria prefeitura em 2023 exigiram a retirada da sinalização. Agora o trecho, que inclui a rotatória da Praça Campo de Bagatelle, aguarda apenas a colocação de sinalização para a redução da velocidade do trânsito naquele ponto, conforme foi prometido pela CET em 2022.
Ciclofaixa reconstruída na rotatória da Praça Campo de Bagatelle Foto: Marcos de Sousa
Outro trecho inaugurado, na rua Manuel Gaia, atende a ciclistas da periferia da cidade, nos bairros do Tremembé e Jaçanã, na zona norte da cidade, apontando para uma possível ligação entre os parques da Serra da Cantareira e a Linha Azul do Metrô da cidade. A obra ainda não está concluída, mas já está sendo usada por ciclistas da região, inclusive por pessoas que pedalam até o bairro de Vila Galvão, no município vizinho, de Guarulhos. Mas já há problemas: os coletores de lixo da região estão usando o pavimento para organização sacos de resíduos, dificultando a passagem das bicicletas. E, além disso, há também motoristas que insistem em estacionar sobre o espaço demarcado.
Nova ciclofaixa na rua Manuela Gaia, no Tremembé, Zona Norte Foto: Danilo Rocha
Manutenção precária
Apesar das boas novidades, vários trechos de ciclovias existentes em São Paulo precisariam passar por serviços de limpeza e manutenção, em função do desgaste dos pavimentos, obras realizadas nos pisos, arrancamento dos tachões de sinalização, deposição irregular de lixo e vandalismo.
Uma obra de conservação realizada na Ponte da Bandeiras, por exemplo, danificou todo o pavimento cicloviário sobre a ponte. Na mesma região, a ciclovia recém-construída na avenida Tiradentes já apresenta buracos e desagregação do pavimento, pedindo manutenção.
E persiste, infelizmente, a prática da Prefeitura de apagar as ciclofaixas quando são feitos serviços de recapeamento asfáltico. A recuperação dessa infraestrutura demora vários meses, não há sinalização provisória e assim os ciclistas precisam disputar espaço com veículos pesados. Um exemplo, perigosamente exuberante, encontra-se na rua Vergueiro, bairro do Paraíso, na região da avenida Paulista.
Estacionamento de veículos sober a ciclofaixa na rua Coronel Marques Ribeiro, em Vila Guilherme Foto: Google Street View
Outro ponto é a falta de fiscalização por parte da CET/SP: muitos trechos são ocupados por veículos estacionados, obrigando as pessoas que pedalam a circularem no meio do trânsito. Em alguns bairros, como a área do Brás, no Centro, as faxas cicloviárias estão completamente destruídas e ocupadas por detritos e veículos. Em outro ponto, na rua Coronel Marques Ribeiro, atrás de pavilhões do Expo Center Norte, Vila Guilherme, a ciclofaixa foi transformada em um estacionamento permanente de veículos.
Convém lembrar que em São Paulo, em função da precariedade das calçadas, as ciclovias são usadas por cadeirantes, mães com carrinhos de bebês e trabalhadores com carrinhos de cargas. São muito importantes para a vida na cidade.
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