Retrocessos na ciclomobilidade: os casos de São Paulo e São Luís

Na contramão das políticas de inclusão da bicicleta, adotadas no mundo todo, duas capitais surpreendem com medidas proibindo e restringindo o uso do transporte ativo

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Fonte: Mobilize Brasil / G1  |  Autor: Mobilize Brasil  |  Postado em: 15 de janeiro de 2024

Ciclistas na avenida Litorânea, em São Luís: agora

Ciclistas na avenida Litorânea, em São Luís: agora proibidos

créditos: Google Street View

A semana começa com notícias adversas e proibitivas para quem usa a bicicleta na mobilidade urbana, vindas de duas capitais do país: São Paulo e São Luís. 

 

Na capital maranhense, os ciclistas que diariamente utilizam o calçadão da Avenida Litorânea, em um trecho compartilhado localizado ao lado da faixa de areia, foram surpreendidos na sexta-feira (13) com a medida da Secretaria de Infraestrutura do Maranhão (Sinfra), que passou a proibir a circulação das bikes naquele local.    

 

Já na capital paulista, uma matéria nesta segunda-feira (15) do jornal O Estado de S. Paulo ouviu ciclistas, que questionam a recente proibição do tráfego de bicicletas dentro do túnel Nove de Julho, importante via que liga o centro à zona sul da cidade. Uma placa de sinalização excluindo dali a passagem de pedestres e ciclistas, e que há muitos anos havia sido retirada, agora foi recolocada bem na entrada do túnel pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET/SP).


A medida ocorreu em dezembro passado, sem informação prévia aos ciclistas que, entretanto, dispõem de um fórum de discussão com a prefeitura, a Câmara Temática da Bicicleta. 
O tema tem sido discutido com a Prefeitura há mais de dez anos. Em 2014, o então secretário de Mobilidade e Transportes, Jilmar Tatto (hoje deputado federal pelo PT/SP) chegou a encomendar um estudo à CET/SP para a criação de uma passagem para ciclistas no túnel, mas os trabalhos não foram completados durante a sua gestão. Sem a possibilidade de passar pelo túnel, que tem uma via praticamente plana, os ciclistas precisam vencer um desnível de quase 40 metros para vencer o chamado "Espigão da Paulista".

 

O que dizem as autoridades

Em São Luís, após a Sinfra sinalizar por 6 km a faixa para bicicletas com imagens de proibição ao modal, o órgão explicou que a medida pretende dar segurança aos pedestres que utilizam o calçadão, e que "se justifica com base no Código de Trânsito Brasileiro (CTB)". 


Túnel Nove de Julho, em São Paulo: atalho para cortar espigão da Paulista é vetado a ciclistas Foto: Google Street View

 

Em São Paulo, a CET em nota afirmou que ao proibir bicicletas no túnel o objetivo foi proteger os ciclistas. Disse ainda, e que não há, no momento, possibilidade de implantação de estrutura cicloviária no local em função das características da via. “Por lá, há um corredor de ônibus à esquerda e uma faixa de rolamento de veículos à direita”, informa o comunicado.


Outra visão tem a urbanista Suzana Nogueira, que coordenava a equipe de projetos cicloviários da Semob SP na gestão de Jilmar Tatto. Ela considera plenamente viável o alargamento da passagem existente para a criação de uma faixa para ciclistas, a exemplo do que se fez em Santos (SP), no túnel Rubens Ferreira Martins (veja foto)
.

 

Faixa cicloviária no túnel Rubens Ferreira Martins, em Santos (SP) Imagens: Suzana Nogueira

 

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