Inaugurada em 1998, a estação Jardim São Paulo - Ayrton Senna do metrô paulistano sempre foi uma das mais tranquilas da cidade. Ela dá acesso ao Parque Domingos Luís e ao Sesc Santana, além de uma série de escolas públicas do bairro. O projeto, da arquiteta Meire Selli, previa originalmente um terminal de ônibus sobre a estação, mas ao final, para alegria dos moradores, a área foi ocupada por uma praça, onde estão localizadas as entradas da estação.
Passados 25 anos, e mesmo sem manutenção, o pavimento de pedras brancas (mosaico português) continua nivelado, sem imperfeições, a exceção de um pequeno trecho onde há vagas para veículos de serviço do Metrô. Nos últimos dez anos, essa área foi sendo gradativamente invadida por carros particulares, que a transformaram em um estacionamento. Com esse movimento não planejado (e irregular) de veículos, o calçamento foi sendo desagregado, transformando-se em uma armadilha para pedestres e um obstáculo para pessoas com mobilidade reduzida.
É importante lembrar: trata-se de uma praça, um local para pessoas, e não um estacionamento.
Acesso à praça do metrô: pavimento desagregado pelo tráfego irregular de veículos Foto: Mobilize Brasil
A Companhia do Metrô chegou a instalar barreiras de aço para restringir o acesso desses veículos, mas sem resultados. Os locais mais destruídos correspondem exatamente às áreas de entrada da praça e aos pontos de frenagem e aceleração dos veículos, em evidente demonstração da origem das falhas. Além do piso, há problemas também na manutenção da vegetação: uma grande árvore, podada inadequadamente, anos atrás, dá sinais de falência, com vários galhos apodrecidos. Merece ser tratada ou substituída por uma nova muda, saudável.
A área está sob responsabilidade da Companhia do Metropolitano (Metrô), que deveria realizar a manutenção da área, mas cabe à Prefeitura de São Paulo fiscalizar e exigir a manutenção do calçamento. E cabe à Companhia de Engenharia de Tráfego (CET/SP) sinalizar, educar os motoristas e fiscalizar a praça para coibir esses excessos.
Invasão na Sé
Outra praça a sofrer o mesmo problema está localizada bem no Centro de São Paulo, a 200 metros do marco zero, junto da Igreja da Ordem Terceira do Carmo, uma das mais antigas da cidade, e ao lado de uma série de instituições governamentais, estaduais e municipais. A área, também pavimentada com mosaico de pedras e exclusiva para pedestres, vem sendo usada como estacionamento de carros, que ocupam as laterais dos canteiros, sob a cobertura das árvores. Agora, além de disputar espaço com bancas de vendedores ambulantes e leitos de pessoas em situação de rua, os pedestres sofrem também a pressão desse tráfego sobre o passeio. A área está sob responsabilidade da Prefeitura de São Paulo.
Carros oficiais e particulares estacionados no passeio da av. São João, em área de pedestres do Parque Anhangabaú.
Os veículos ocupam área onde até 2022 havia uma bateria de paraciclos Foto: Mobilize Brasil
O Vale do Anhangabaú é outro ponto de São Paulo que vem sendo retomado pelos veículos motorizados. Após a reforma e a concessão da área para o consórcio Viva o Vale, verificou-se um aumento no tráfego de automóveis, caminhões e vans, além da ocupação de algumas áreas para estacionamento. A circulação na área é permitida apenas para veículos autorizados, em baixa velocidade, com prioridade para pedestres.
Nota de atualização em 12/1/2024: a informação sobre a situação na estação Jardim São Paulo foi enviada também ao jornalista Maurício Benassato, do Diário da Zona Norte, que acionou a Subprefeitura, a CET/SP e o Metrô. Técnicos municipais estiveram no local e informaram que a praça de acesso é, na verdade, a continuação da rua Parque Domingos Luís, ocorrendo uma superposição de responsabilidades entre o Metrô e a Prefeitura. O subprefeito Magal Guerra informou que uma solução deverá ser adotada em comum acordo para a a recuperação da área e a fiscalização contra o estacionamento irregular.
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