Impasse sobre fósseis adia declaração final da COP 28

Proposta de texto evita falar em eliminação ou redução gradual de gás, petróleo ou carvão. Discussões devem avançar pela noite e madrugada de amanhã (13)

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Fonte: ONU e ClimaInfo  |  Autor: Mobilize Brasil  |  Postado em: 12 de dezembro de 2023

Ativistas protestam em Dubai durante a COP 28

Ativistas protestam em Dubai durante a COP 28

créditos: Unfccc/Kiara Worth


O rascunho do relatório final da COP28, divulgado em Dubai na noite desta segunda-feira (11), excluiu a proposta de "eliminar progressivamente" os combustíveis fósseis, desencadeando protestos de países vulneráveis ao clima e da sociedade civil.


Apresentado pelo presidente COP28, Sultan Al-Jaber, o texto de 21 páginas não aborda a redução gradual ou eliminação dos combustíveis fósseis. Essa omissão contradiz a posição defendida pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que destacou a medida como uma das chaves para o sucesso da conferência.


"Foi um tapa na cara de quem esperava por algo substancial", escreveu o boletim ClimaInfo desta terça. "O texto deixou de citar phase-down (redução gradual) ou phase-out (eliminação) dos combustíveis fósseis, para apenas pedir a “redução (reducing) do consumo e da produção de combustíveis fósseis...  Podem parecer a mesma coisa,  mas em diplomatiquês, diferentes palavras têm diferentes significados", resumiu o ClimaInfo.


Em resposta, representantes dos EUA, de países da União Europeia e de um conjunto de pequenos países insulares em desenvolvimento se juntaram a grupos da sociedade civil ao criticarem o rascunho por não avançar o bastante na contenção do aquecimento global.


O que está incluído na declaração: 

  • Triplicar a capacidade global de energia renovável até 2030 - EUA e China se comprometeram a trabalhar juntos para alcançar esse objetivo em um acordo firmado entre os dois maiores emissores do mundo antes da COP28; 

  • Rápida redução progressiva do carvão e a limitação do número de novas licenças; 

  • Tecnologias de emissões zero e baixas, incluindo tecnologias de remoção, como captura de carbono, utilização e armazenamento; 

  • Financiamento climático, mas com uma 'linguagem fraca'; e 

  • Metas de adaptação com compromissos financeiros insuficientes, ou “sem um programa de trabalho” para mensuração.
     

O que ficou fora da declaração final: 

  • Eliminação progressiva dos combustíveis fósseis; 

  • Não há citação ao ‘petróleo” e “gás natural”; 

  • Não há menção a “obrigações mais duras” para países ricos; e 

  • Equidade na adaptação, necessária para um apoio equitativo dos países ricos.

 

As negociações sobre um texto final de compromisso seguiriam nesta terça-feira (12), dia previsto para o encerramento da COP28. Os representantes seguem debatendo a elaboração de uma nova declaração que apresente mais que a enumeração das ações a serem adotadas pelos países. Ativistas e alguns países estão demandando uma linguagem mais forte, e que reflita de forma mais precisa a real urgência em lidar com a crise climática.


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