Seca no Canal do Panamá preocupa mercado global

Devido à falta de chuvas, Autoridades do Canal prorrogaram restrições ao peso dos navios.

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Fonte: CNN Brasil  |  Autor: Mobilize Brasil/CNN  |  Postado em: 04 de outubro de 2023

Seca no Canal do Panamá preocupa mercado

Canal do Panamá é gargalo no comércio internacional

créditos: Reprodução

Este seria o período de chuvas no Panamá, mas o que se vê é uma das estações mais secas já registradas. A falta de chuvas afeta diretamente o funcionamento do Canal do Panamá, que depende fortemente da água doce para operar. Com isso, a Autoridade do Canal do Panamá prorrogou uma restrição de peso, adotada para que o Canal pudesse continuar operando.

 

Segundo especialistas, o aumento nos pontos de estrangulamento marítimo pode gerar problemas para as redes globais de abastecimento. “Cerca de 80% de nossas mercadorias são transportadas por via marítima”, afirmou Janelle Griffith, líder de logística para a América do Norte da empresa de corretagem de seguros e consultoria de risco Marsh. “esse tipo de bloqueio é motivo de preocupação. E, sim, isso tem ramificações globais. Quando se tem um bloqueio numa parte da cadeia de abastecimento, o resto da cadeia é automaticamente afetado”, complementa Griffith.

 

Como funciona o Canal

 

O Canal do Panamá é formado por um sistema de eclusas que utiliza aproximadamente 190 milhões de litros de água para fazer cada embarcação flutuar através dele. Para isso, a estrutura depende da água doce dos lagos vizinhos. Segundo o meteorologista-chefe da Everstream Analytics, Jon Davis, nesta época do ano os níveis dos lagos costumam aumentar, mas a precipitação no Panamá nesta primavera e no verão foi a mais baixa desde o início do século.”

 

Ainda segundo o meteorologista, todos os modelos climáticos existentes indicam que o fenômeno continuará a se acentuar no restante deste ano e início de 2024. “Além do Panamá a próxima consequência inevitável pode ser o rio Mississippi”, afirma Davis, uma vez que nos últimos 30 dias as chuvas ao longo do sul do rio Mississipi ficaram bem abaixo do normal. 

 

Níveis mais baixos de água podem levar a restrições bem no momento em que as safras no coração dos Estados Unidos estão sendo colhidas e transportadas rio abaixo, seja para o mercado nacional ou para exportação.

“Estamos lidando com uma situação em que temos problemas no Panamá e, provavelmente, teremos problemas no Mississippi para a circulação de commodities, especialmente de produtos agrícolas”, afirmou. “Assim, estamos diante de um problema acentuado da cadeia de abastecimento. E quando há duas disrupções em vez de uma, isso se amplia globalmente.”

 

Problemas no Canal

 

Os tempos de espera para a travessia das embarcações estão aumentando no Canal do Panamá. Com isso, foram priorizados os navios porta-contêineres, com o objetivo de evitar uma crise mais grave de abastecimento. Em meados do mês passado (agosto), aproximadamente 135 navios estavam à espera em ambas as extremidades do canal, contra 29 no mês anterior, normalmente petroleiros ou graneleiros. O número de navios que esperam cinco dias ou mais continua a crescer, aumentando um gargalo que certamente afetará a confiabilidade do serviço e causará atrasos nos envios nos Estados Unidos e na Europa.

 

Segundo a Everstream Analytics, que presta serviços de análise de risco e soluções para redes de abastecimento, a redução da carga nos navios e as filas ainda não afetaram prazos e taxas de frete. “No entanto, se as linhas de contêineres forem forçadas a continuar a transportar menos contêineres, pode haver problemas para as empresas dos EUA que tentam reabastecer os estoques antes da época festiva de fim de ano — impactando tudo, de decorações de Natal a móveis e brinquedos”, informou a companhia.

 

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