Nesta semana a operadora de bicicletas compartilhadas Tembici anunciou a criação de um centro de pesquisa de novas tecnologias, o Tembici Labs, e apresentou as novas bicicletas e estações desenvolvidas no novo laboratório de mobilidade. Para saber mais sobre o projeto e entender os possíveis futuros desdobramentos, entrevistamos Maurício Villar, sócio-fundador e diretor de Operações (COO) da Tembici. As respostas foram enviadas pela assessoria de imprensa, via whatsapp e editadas pelo Mobilize Brasil.
A Tembici iniciou suas operações no Brasil com a tecnologia da empresa canadense PBSC Urban Solutions. Por que investir no Tembici Labs. Vocês pretendem desenvolver tecnologias próprias?
Nós sempre olhamos para a mobilidade do futuro. A história da Tembici começou há 13 anos como um projeto de graduação na Universidade de São Paulo, o PedalUSP. Na época, o objetivo da iniciativa era desenvolver um sistema de micromobilidade compartilhada, para evidenciar a importância dessa modalidade até então inexistente no Brasil. Hoje, o Tembici Labs simboliza o reencontro com essa ideia, em um novo patamar.
Assim, esse Centro de Inovação e Tecnologia terá capacidade de criar e operar sistemas de mobilidade compartilhada do início ao fim, colocando em prática todo o poder de revolução na mobilidade urbana que almejamos. O Tembici Labs amplia a nossa capacidade de explorar novas fronteiras tecnológicas e industriais, complementando a abordagem empresa na mobilidade urbana. Além disso, com a iniciativa, nós aumentamos a nossa capacidade de reagir eficazmente às mudanças do mercado, devido à proximidade com os usuários e à capacidade de transformar soluções completas em realidade internamente.
Qual foi o valor do investimento no Tembici Labs?
A criação do Tembici Labs foi parcialmente financiada pela operação inédita que fizemos com o BNDES (R$160 milhões, metade deles do Fundo Clima), que foi a primeira operação para o setor de micromobilidade feita pelo banco. Mas, preferimos não divulgar os investimentos totais no centro de pesquisa.
Em Bogotá, na Colômbia, a Tembici está testando bicicletas de carga, hand bikes para cadeiras de rodas e opções para o transporte de crianças. Essas inovações estão na mira do Tembici Labs?
A princípio, nosso foco é a produção das bicicletas elétricas, um dos modos mais democráticos de transporte existentes no mercado, possibilitando maiores possibilidades de uso e trajeto para as pessoas. Mas, certamente, as inovações e novas tecnologias que tenham viabilidade também deverão ser mapeadas pela equipe do Tembici Labs.
Vandalismo é um problema comum aos sistemas de bicicletas compartilhadas em todo o mundo. O Tembici Labs está criando bikes mais robustas, que resistam ao mau uso, sabotagens, furtos?
Sim, além de toda a robustez do sistema de travas que já estão disponíveis nas bikes e estações, a Tembici possui experiência de mais de uma década, e conta com uma equipe dedicada a casos de prevenção e perdas, além de iniciativas em parceria com os órgãos de segurança pública. Além disso, agora todas as bikes terão GPS. Atualmente, temos um índice de referência, menor que 0,2% de perda em ativos nos sistemas.
Como foi o trabalho inicial do Tembici Labs para criar as novas bikes e estações?
Para o desenvolvimento da bicicleta elétrica, a iniciativa contou com consultorias especializadas em design thinking, focadas em bicicletas, que realizaram uma série de experiências, além de rodadas de conversas com cicloativistas e usuários para definirem o melhor modelo possível de um modo de transporte elétrico, que seria o ideal para todos os desafios da mobilidade urbana. Durante os testes, as bicicletas rodaram milhares de quilômetros, com usuários selecionados, até serem definidos os ajustes finais do modelo de bicicleta elétrica.
Onde serão aplicadas essas inovações?
Por enquanto, estamos com foco total na implementação de Belo Horizonte, ainda em setembro. Quando completo, o projeto na capital mineira contará com 500 bicicletas elétricas e 50 estações, formando um sistema completo de mobilidade sustentável, com engenharia operacional e tecnológica que, esperamos, impactará diretamente a rotina da cidade. Mas até o fim de 2023, devemos anunciar outras novidades.
O QUE VEM POR AÍ
Bicicletas elétricas
Confira as principais características da bicicleta elétrica do Tembici Labs:
4Pedal assistido com bateria com a capacidade de 100 km de autonomia;
4Carenagem feita com plástico de origem renovável e desenvolvido dentro da lógica de economia circular;
4Correia em vez de correntes, eliminando a utilização de óleo lubrificante;
4Pneu sem câmara de ar, o que evitará a interrupção de viagens por pneu furado e reduzirá a quantidade de resíduos;
4Rodas sem raios, com uma estrutura rígida e reforçada, adequada a terrenos acidentados;
4Laser lateral que sinaliza a distância que os veículos terão que manter em relação à bicicleta.
Novas estações
As estações fixas combinam tecnologias para proporcionar segurança, organização e previsibilidade à operação:
4Sistema de travamento mais simples, permitindo fácil utilização, tanto para retirada como para a devolução das bicicletas;
4Maior compacidade, permitindo a oferta de mais bikes em espaços menores, com melhor aproveitamento dos espaços públicos;
4Estações podem ser eletrificadas, mas com menor consumo de energia.
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