Tão perto, tão longe: Asa Norte-Noroeste em Brasília

Uirá Lourenço, do blog Brasília para Pessoas, aponta os problemas enfrentados em uma pedalada curta, mas cheia de obstáculos. E mostra que podia ser diferente

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Fonte: Brasília para Pessoas  |  Autor: Uirá Lourenço / Brasília para Pessoas  |  Postado em: 11 de setembro de 2023

Ciclistas enfrentam o trânsito no acesso ao Setor

Ciclistas enfrentam o trânsito no acesso ao Setor Noroeste

créditos: Uirá Lourenço

 Texto e fotos: Uirá Lourenço

Ontem, domingo, pedalei da Asa Norte até o Noroeste de Brasília. Fui com meu filho, de bicicleta, pois ele ia encontrar uns amigos. Os bairros ficam próximos, a uma distância perfeitamente caminhável e pedalável. Mas as barreiras são consideráveis.


Na ida, à tarde, pegamos um atalho. Passamos por dentro do parque Burle Marx. Um trajeto curto (2,3 km), mas bem deserto e com trechos de areia.


Na volta, à noite, decidimos não passar por dentro do parque em razão da escuridão e da insegurança. Pegamos a ciclovia na avenida principal do Noroeste e demos a volta pelo autódromo. Fica um breu na ciclovia (a iluminação se limita à pista dos motorizados) e só vimos dois ciclistas passando, além de pessoas fazendo caminhada. Ou seja, uma ciclovia de lazer.

 

Ciclovia do Noroeste sem iluminação

 

Ao longo da ciclovia, anúncios de apartamentos à venda. Faixa de preço entre R$ 490 mil (1 quarto) e R$ 10,2 milhões (cobertura). O bairro é novo, tido como sustentável. Lembro que, no período de lançamento, foi anunciado como o primeiro "bairro ecológico" do país. Mas, curiosamente, os moradores têm o carro como praticamente a única opção de deslocamento, a mais poluente e com mais impactos negativos à cidade. Segundo a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD), 96% dos deslocamentos para o trabalho são feitos por automóvel.1   

 

No início do bairro, a ciclovia termina sem aviso prévio. O jeito é continuar pelo ‘caminho de rato’, gramado estreito na lateral da via com marcação bem evidente por onde pedestres e ciclistas passam. Margeamos o autódromo e chegamos à ciclovia da W4 Norte. Breu total na ciclovia, sem outros ciclistas.

 

‘Caminho de rato’ na saída do Noroeste

 

Um morador do Noroeste que trabalhe no Palácio do Buriti (a 1,8 km de distância da entrada do bairro) ou um jovem que estude no CEUB (a 2 km de distância da entrada do bairro) muito provavelmente usa o carro no trajeto diário. Fico pensando se a situação não poderia ser diferente se houvesse boa infraestrutura para a mobilidade ativa (calçadas, ciclovias e locais seguros de travessia) e linhas regulares de ônibus (inclusive ônibus executivo, com ar-condicionado) para os moradores.


Mas, estamos em Brasília e certamente já existem futuros viadutos previstos na região, com o objetivo de melhor escoar a grande frota automotiva...

 

Veja um vídeo sobre a situação na área
O vídeo mostra o acesso ao bairro Noroeste, sem infraestrutura para pedestres e ciclistas.

 

 

 

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1. Dados da PDAD/2021, realizada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan).

 

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