As Zonas de Emissões Ultra Baixas (Ulez, na sigla em inglês) passarão a cobrir toda a Grande Londres a partir desta terça-feira (29), anunciou a prefeitura londrina.
A Ulez existe desde 2019 para combater a poluição do ar na Inglaterra. Assim, carros e vans que não atendem a determinados padrões de emissões (Euro 4 para gasolina e Euro 6 para diesel) terão de pagar uma taxa de £12,50 [o equivalente a R$ 77,00] para circular nessas zonas, detalhou o Independent.
Segundo nota aqui reproduzida do boletim ClimaInfo, que fez um compilado do que saiu sobre o tema na imprensa britânica, a medida é controversa na sociedade local. Como relata o Guardian, isso se deve tanto por ainda haver dúvidas quanto à sua efetividade na redução de emissões como por seus impactos econômicos para os moradores da Grande Londres. No sábado (26), manifestantes se reuniram no sul de Londres para protestar contra a expansão da zona, informou o Evening Standard.
Em meio a temores de mais protestos e vandalismos, a polícia de Londres prometeu investir “recursos consideráveis” para assegurar a expansão da Ulez. Enquanto isso, o prefeito da cidade, Sadiq Khan (Partido Trabalhista), que defende aguerridamente a política, afirma agir para combater o “ar tóxico” e evitar que as crianças da capital “crescessem com pulmões atrofiados”, relata o Guardian.Emissões
Desde a implementação da primeira Ulez, no centro de Londres, as emissões de óxido e dióxido de nitrogênio em toda a cidade caíram 23%, segundo a prefeitura. Segundo o Guardian, a Ulez reduziu a probabilidade de problemas de saúde a longo prazo em 22,5%, outros problemas de saúde em 29,8% e o número de licenças por doença em 17,7%, mostra um estudo da Universidade de York.
Diante das fortes evidências de que a poluição do ar pode prejudicar a saúde humana, como lembra a BBC, o governo britânico considera este o maior risco ambiental para a saúde pública. Altos níveis de poluentes atmosféricos podem causar e piorar problemas respiratórios e afetar pessoas com problemas cardíacos. E uma importante fonte desses poluentes é o transporte rodoviário.
Zona de tráfego restrito: uma das ações pró-mobilidade ativa em Londres. Foto: Caroline Teo/ Prefeitura de Londres
Em tempo: Os países europeus enfrentam dificuldades para persuadir as pessoas a trocarem seus carros a combustíveis fósseis por veículos elétricos, que ainda são bem mais caros que seus similares a combustão. A Europa vende hoje 10 vezes mais carros elétricos do que há seis anos, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), mas a substituição está lenta demais para que o continente cumpra seus objetivos climáticos, destaca o Guardian.
“Não basta apenas incentivar a compra de veículos elétricos. Você também precisa desincentivar a compra de carros convencionais”, avalia Julia Poliscanova, analista do grupo Transporte e Meio Ambiente.
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