Oito milhões de pessoas deixaram de usar ônibus no Brasil desde 2019

Queda em três anos foi de um a cada quatro passageiros transportados pelo transporte público, mostram dados da NTU. Número caiu de 33 milhões para 25 milhões de usuários

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Fonte: Mobilize Brasil/ NTU  |  Autor: Mobilize Brasil  |  Postado em: 08 de agosto de 2023

Transporte público ainda sofre os efeitos da pande

Transporte público ainda sofre os efeitos da pandemia (NTU)

créditos: Joyce Juliana/Secom Maceió

Entre 2019 e 2022, deixaram de usar ônibus do transporte público urbano no Brasil um de cada quatro passageiros que o sistema até então transportava. O número caiu de 33 milhões de pessoas por dia, há três anos, para uma média de 25 milhões (queda de 24,4%) em julho de 2022, contando aí o período da pandemia de covid. Os dados são da Associação Nacional de Transporte Urbano (NTU).

 

A informação foi divulgada no lançamento do Anuário 2022-2023 da NTU – Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos. A publicação, que traz a série histórica do desempenho do setor nos últimos 30 anos, além de dados sobre investimentos em infraestrutura, cidades com subsídios e que adotam a tarifa zero, foi apresentada na abertura da 36º edição do Seminário Nacional NTU, realizado nos dias 8 e 9 de agosto em Brasília. 

 

Dilemas

A queda no volume dos usuários de ônibus no Brasil, que já vinha ocorrendo antes da pandemia, gera uma espiral de problemas: se menos gente viaja, o custo por passageiro acaba aumentando, já que colocar um ônibus para rodar com 20 ou 50 pessoas a bordo tem custo muito parecido. No entanto, caso as empresas repassem a alta de preços, podem afastar ainda mais passageiros. Com menos dinheiro, também falta verba para renovar a frota e fazer manutenção, o que piora a qualidade do serviço. A idade média da frota no país, por exemplo, aumentou 4,2% em 2022, e chegou a 6 anos e 4 meses, maior valor nos últimos 28 anos.

 

Desafios

Entre 2021 e 2022 houve alguma recuperação, com a subida de 12,1% na demanda de passageiros, diz a entidade, mas acrescentando que a retomada do setor ainda tem muitos desafios.

 

“A demanda atual está muito distante do desempenho observado no início da série histórica da NTU. E o setor acumula uma queda de 30% no índice de produtividade ao longo do tempo”, observou o presidente executivo da entidade, Francisco Christovam. O executivo destaca também que a recuperação da demanda de passageiros pós pandemia já chegou a 84% do transportado em 2019, mas reitera que há muito a ser feito para alcançar o nível registrado antes da crise sanitária. 

 

O Anuário NTU apresenta também um balanço da última década, marcada pelas chamadas “jornadas de junho” de 2013, quando ocorreram protestos em todo o país por melhorias no serviço e redução das tarifas dos transportes públicos. Os resultados, segundo a NTU, foram frustrantes. “Tivemos muitas promessas de políticas públicas de incentivo ao transporte público, mudanças nas regras, mas pouca coisa saiu do papel. Os números do anuário deixam evidentes que não foram feitas melhorias significativas nos serviços e nem mesmo houve redução nas tarifas para a população. Ou seja, está claro que os anseios e as demandas da sociedade não foram atendidos”, avalia Christovam. 

 

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