Em entrevista nesta quarta-feira (2), o ministro da Fazenda Fernando Haddad deu a entender que o processo de privatização do Metrô do Recife poderá, de fato, ser engavetado pelo governo federal. E isso aconteceria devido ao papel social exercido pelo sistema de transporte metroferroviário da Região Metropolitana do Recife, que corta quatro municípios e atende a aproximadamente 200 mil pessoas por dia.
Segundo o ministro, esse papel social está sendo considerado na revisão que o programa de privatização criado pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vem passando no governo do presidente Lula (PT). Assim, essa característica do Metrô do Recife - que de fato atende, principalmente, bairros mais pobres da capital e da região metropolitana - poderá ser decisiva.
Haddad durante entrevista hoje (3) no programa Bom Dia Ministro. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Fernando Haddad participou do programa 'Bom Dia, Ministro', exibido às 9h desta quarta-feira, no canal do Youtube do governo federal. Confira a entrevista na íntegra aqui.
E a CBTU?
Embora tenha usado o papel social como exemplo, Haddad não citou diretamente a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), que é gestora e operadora do Metrô do Recife - assim como dos sistemas de João Pessoa, Natal e Maceió - e foi incluída no Plano Nacional de Desestatização (PND) pela gestão Bolsonaro. Um dos cinco sistemas geridos pela CBTU, inclusive, foi privatizado no apagar das luzes do governo do ex-presidente, em dezembro de 2022: o Metrô de Belo Horizonte (MG).
“O governo federal está revendo todo o plano de privatização da antiga gestão. Não sei se já há uma decisão dos ministérios envolvidos na discussão especificamente sobre essa companhia. São eles quem vão decidir qual empresa sai ou permanece. Mas, em geral, as empresas que têm um sentido mais social têm sido revistas para não serem privatizadas”, afirmou Haddad.
O ministro também falou sobre a estadualização do sistema, processo que aconteceu em todo o país e que deverá acontecer com o Metrô do Recife. “Algumas dessas empresas, inclusive, estão sendo repassadas para os estados. Isso acontece no país inteiro. Em SP, onde o metrô que começou municipal, há décadas passou para o Estado, o mesmo em Salvador, por exemplo”, observou.
Sucateamento
O governo federal precisaria investir, de imediato, mais de R$ 1 bilhão para fazer com que o Metrô do Recife voltasse a operar com as mínimas condições. Na verdade, seriam entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,5 bilhão. O valor foi apresentado pela Superintendência da CBTU no Recife, durante audiência pública no Senado Federal, em junho deste ano.
Os recursos seriam necessários apenas para reerguer a operação do Metrô do Recife, mantendo as condições operacionais mínimas. "Seria para recuperar o material rodante, que são os trens e veículos de manutenção, realizar obras e serviços na via férrea e na rede elétrica, além de edificações no sistema. E seriam valores para serem aplicados no prazo de quatro a seis anos”, afirmou, na época, o gerente operacional de recursos humanos da CBTU-Recife, José Inocêncio Andrade.
Até agora, o Metrô do Recife conseguiu a promessa de que o governo federal irá enviar R$ 260 milhões para o custeio, o que é considerado muito pouco diante do sucateamento do sistema.
Para ler a matéria na íntegra clique aqui.
E agora, que tal apoiar o Mobilize Brasil?
Acesse a plataforma Abrace uma Causa e contribua!
Leia também:
Corredores de ônibus não avançam no Recife
Comissão do Senado discutirá sucateamento do metrô do Recife
Governo publica edital para privatização do metrô de BH
Metrô do Recife: governo de PE erra na concessão
Privatizar o Metrô-DF é mau negócio para a população