Elétricos, a hidrogênio, ou com biocombustíveis?

Fabricantes e governo apostam em mais veículos elétricos, inclusive ônibus, mas a ênfase parece ser a do "carro próprio". Na Índia, ministro defende biocombustíveis

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Fonte: Mobilize Brasil / Clima Info / MME  |  Autor: Mobilize Brasil  |  Postado em: 20 de julho de 2023

Ônibus articulado elétrico Azure A18BR , da TEVX H

Ônibus articulado elétrico Azure A18BR , da TEVX Higer

créditos: Divulgação TEVX Higer


Na semana passada, as fabricantes de veículos elétricos BYD e Great Wall Motors anunciaram investimentos em fábricas de veículos elétricos na Bahia e em São Paulo. Quase em seguida, a Higer Bus anunciou a instalação de mais uma fábrica de caminhões e ônibus elétricos na região Centro-Oeste, a segunda da empresa no Brasil, que já constroi uma fábrica em Pecém, no Ceará. 


Há ônibus nos planos, como o Azure, da TEVX Higer, desenhado especialmente para o Brasil e anunciado hoje (20) pela empresa em nota divulgada à imprensa. Mas a grande promessa parece ser a substituição dos atuais carros a combustão pelos elétricos, proposta que pode reduzir emissões e ruídos urbanos, mas mantém o tráfego intenso e os congestionamentos que emperram a circulação nas cidades brasileiras.


Conforme artigo publicado na Folha de S. Paulo, o BNDES pretende aportar 200 milhões de reais para desenvolver a infraestrutura e mobilidade sustentável por meio do programa Rota 2030, iniciativa nascida há cinco anos para melhorar apoiar a eficiência energética e a qualidade de automóveis, incluindo ônibus. Há também planos do banco de desenvolvimento para uma linha de crédito que beneficiaria empresas fabricantes de ônibus elétricos no Brasil.


Lítio, hidrogênio verde ou biocombustíveis
Apesar do entusiasmo, o boletim ClimaInfo lembra que um dos maiores problemas para a chamada “transição elétrica” é a produção do lítio. O boletim cita Jennifer Harris, que foi assistente especial do governo Biden. Ela argumenta que  a transição energética exigirá muito mais lítio e outros minerais até 2030 do que o mundo está preparado para produzir. Em artigo no New York Times, a especialista concorda que “o aumento responsável da produção global [de lítio] é fundamental, mas este é um problema que nenhum país poderá resolver sozinho. Os EUA e seus parceiros podem e devem cooperar para aumentar a produção no exterior”, mas sem esquecer os problemas sociais que essa exploração do minério pode provocar nos países que detêm as maiores reservas de lítio, complementou Jennifer Harris.


A alternativa para reduzir a necessidade de baterias e do lítio seria a adoção de veículos movidos com células de combustível, que geram energia elétrica diretamente, por meio de transformações químicas, sem as perdas e danos ambientais provocados pela combustão. O hidrogênio verde – produzido com a eletrólise da água – parece ser a melhor alternativa, especialmente para o Brasil, que tem um grande potencial energético (hidrelétrico, eólico e fotovoltaico) para a produção desse gás com energia elétrica de fontes sustentáveis. Neste mês, o país alcançou a marca de 32 gigawatts de energia solar fotovoltaica instalada, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), que se somam ao potencial de 25 GW de energia eólica e outros 150 GW de energia hidroelétrica.


Por outro lado, a produção, armazenamento e transporte do hidrogênio exigirá novas infraestruturas, entre gasodutos e rodovias, ao passo que a infraestrutura para a distribuição da eletricidade já está disponível em praticamente todo o Brasil.

 

 


Alexandre Silveira em evento hoje (20), na cidade de Goa, Índia Foto: MME


Uma opção mais “pragmática” seria o estímulo a motorização com biocombustíveis – etanol e biodiesel –, como defendeu hoje (20) o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em Goa, na Índia. Silveira participou do seminário Sustainable Mobility: Ethanol Talks como representante do governo brasileiro. No evento, Silveira também abordou o programa "Combustível do Futuro", em gestação pelo governo, e baseado principalmente na substituição de gasolina e diesel por misturas desses produtos fósseis com produtos com biocombustíveis, inclusive para a aviação.


Cabe lembrar, esse caminho tenderá a intensificar a expansão dos cultivos de soja, cana e milho, aumentando a pressão para o desmatamento da Amazônia e de outros biomas do país.

 

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