A proposta de alteração da lei, apresentada pelo vereador Rodrigo Goulart (PSD), tem sido duramente criticada por urbanistas, movimentos sociais e pela bancada da oposição por prever a expansão dos limites de verticalização —de 600 metros para um quilômetro no entorno de estações de metrô—, por flexibilizar as exigências por moradias populares e por aumentar o limite de vagas de garagem nas futuras construções.
Como mostrou o Painel (coluna Painel da Folha de S.Paulo), o teor da proposta sofreu interferência de incorporadoras imobiliárias e chegou a levantar suspeitas de improbidade do vereador Adilson Amadeu (União Brasil) por, no âmbito das negociações da revisão, pedir ajuda ao Secovi-SP (sindicato das construtoras em São Paulo) para o projeto de reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Em seu alerta, Di Pierro lembrou que as estações de metrô ficam distantes 2 km umas das outras. “Se aumentarem o raio de verticalização para 1 km, as áreas ficarão contíguas. Com a futura expansão da rede do metrô, a verticalização vai ocupar tudo. A cidade não comporta. Será que não pensaram nisso?”.
O engenheiro observou ainda que o texto beneficia a construção de apartamentos caros para um público que dispensa o uso de transporte público. “Se a ideia é usufruir da estrutura do metrô, por que aumentar o número de garagens? Não faz sentido”.
Com larga experiência em consultoria urbanística, o engenheiro indica que projetos dessa envergadura geralmente são precedidos de estudos que comprovem a capacidade de suporte da rede de água, de esgoto e do sistema viário. “Nada disso foi feito”, disse. Di Pierro contou que enviou um ofício ao Ministério Público alertando sobre a ausência do EIV, e sugeriu ao órgão que tomasse providências para impedir o andamento do projeto sem os devidos estudos de impacto na infraestrutura.
“Se adensar mais, certamente teremos uma série de problemas. A disputa pelo espaço viário vai aumentar, vai faltar espaço principalmente para ciclovias, o trânsito vai piorar, vai haver aumento da emissão de gases do efeito estufa… É uma loucura o que querem fazer, a cidade já está no limite”.
Nas contas do engenheiro, a expansão proposta pela Câmara Municipal vai aumentar em 178% (quase o triplo) a área permitida para construção de prédios altos na cidade de São Paulo...."
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