Falta transporte público na equação Galeão-Santos Dumont

Acordo prevê mais voos e investimentos no Galeão. Mas, enfim, haverá uma linha de metrô para fazer a ligação rápida entre o aeroporto e o Centro da cidade?

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa / Mobilize Brasil  |  Postado em: 15 de junho de 2023

Estação do BRT Transcarioca no Aeroporto do Galeão

Estação do BRT Transcarioca no Aeroporto do Galeão

créditos: Ilha Carioca/Reprodução


O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiram ontem (14) um acordo para tentar resolver os problemas que dificultavam o tráfego aéreo para a capital fluminense. A meta é reduzir os voos para o Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio, e transferi-los para o Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim (Galeão), localizado a 20 km de distância, na Ilha do Governador.

 

Do Santos Dumont, que sofre um excesso de demanda, sairão apenas voos para Congonhas, em São Paulo, e Brasília, enquanto os demais destinos nacionais serão atendido pelo Galeão, que neste momento tem ociosidade: ante, em 2014, embarcava 17 milhões de passageiros por ano, número que caiu para 6 milhões em 2022, segundo a concessionária que gerencia o aeroporto.


A proposta parece correta: de um lado, para evitar acidentes pela sobrecarga de aeronaves no Santos Dumont; de outro para reequilibrar o faturamento da concessionária Changi, do Galeão, que pretendia devolver a concessão ao governo.

 

Ninguém, no entanto, comentou o problema da mobilidade urbana para ligação entre os dois aeródromos. O Santos Dumont é servido por uma linha segura e confortável de VLTs, que permite a conexão fácil com o metrô e também com o terminal rodoviário NovoRio. Há também ônibus urbanos, que permitem acesso a qualquer região da cidade, além dos táxis, sempre à porta do aeroporto.

 

Do Galeão, uma corrida de táxi ou de carros de aplicativo para a região central não sai por menos de R$ 60. Há também duas linhas do BRT Transcarioca, uma delas expressa, até a Barra da Tijuca. E ônibus especiais por R$ 18. Mas não existe uma conexão direta com o sistema de trilhos da cidade.

 

Em 2021, o governo do Rio de Janeiro anunciou um projeto no valor aproximado de R$ 2 bilhões para a construção de uma linha de "metrô leve" com 17 km de  extensão para ligar o Centro do Rio ao Galeão. A linha partiria da estação Estácio do metrô, no Centro, e seguiria para o norte, atendendo ao Terminal Rodoviário Novo Rio, ao Instituto de Traumatologia e Ortopedia, à Vila do João, ao bairro da Maré e à Universidade Federal da Ilha do Fundão. O tempo de viagem de ponta a ponta seria de incríveis 15 minutos, segundo as informações divulgadas na época. Seria, mas a proposta não avançou. Agora, com a sinalização positiva do governo federal para agilizar os investimentos no Galeão, o projeto metroviário poderá voltar à mesa de negociações.


O caso (legendário) de Guarulhos
Vale lembrar que o Aeroporto de Cumbica-Guarulhos, em São Paulo, esperou mais de 40 anos até ganhar uma ligação ferroviária ao centro da capital paulista. Com a conexão dos trens da CPTM, o trajeto Luz-Guarulhos agora pode ser feito em 30 minutos, por R$ 4,40. Nesse meio tempo, as alternativas eram os táxis (muito caros) e os ônibus especiais, que hoje têm passagens entre R$ 35 e R$ 40, além da alternativa econômica (R$ 6,75) por ônibus, até a estação Tatuapé do metrô, em cerca de 45 minutos. 

 



Trem para Aeroporto de Guarulhos na Estação da Luz, Centro de São Paulo. Foto: Jean Carlos Metrô CPTM 

 
Com os trens diretos, o acesso ao aeroporto se tornou também mais confiável, pois evita os problemas de trânsito comuns na cidade. Falta ainda a construção do "people-mover" que permitirá a conexão rápida entre os três terminais, hoje feita por ônibus gratuitos do próprio aeroporto. 

 

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