A Prefeitura de Londrina (PR) e a montadora Scania realizaram hoje (7) um evento para anunciar a operação comercial de um ônibus urbano movido a biometano nas ruas da cidade paranaense. A iniciativa integra um projeto conduzido pela Companhia Paranaense de Gás (Compagas) em conjunto com a Scania, além da Prefeitura do município. O biometano é um gás obtido a partir da decomposição de resíduos orgânicos, a partir do lixo, esgotos ou de resíduos da agro-indústria.
O experimento em escala real será conduzido a partir do dia 12 de junho, durante um mês, em operação comercial pela Transportes Coletivos Grande Londrina (TCGL), com o acompanhamento da Companhia Municipal do Trânsito e Urbanização (CMTU). A ação em Londrina é a terceira realizada pelo projeto Compagas-Scania em 2023. As primeiras demonstrações, apenas experimentais, foram feitas na Região Metropolitana de Curitiba, com o Governo do Paraná, e na capital, com a Prefeitura de Curitiba.
O veículo a gás em demonstração é o mesmo que já circulou pelas ruas de Curitiba e região metropolitana, além de algumas cidades no Estado de São Paulo, mas com alimentação por gás natural veicular (gnv). Em Londrina, ele será abastecido com o biometano, um gás 100% renovável, obtido a partir da produção do biogás, que por sua vez é gerado da decomposição de matéria orgânica de origem vegetal ou animal. Quando submetido a um processo de purificação, o biogás dá origem ao biometano e este é comparável em condições técnicas ao gás natural, já que após o refino, atinge alta concentração de metano em sua composição.
Gás produzido localmente
O biometano, que chega hoje à Londrina, é produzido a partir de subprodutos do setor sucroenergético. “O Paraná tem um potencial gigantesco de produção de biometano (cerca de 2 milhões de metros cúbicos por dia) e com esse teste também mostramos, na prática, que é possível viabilizar a utilização local da energia gerada pela agroindústria, aterros sanitários e estações de tratamento de esgoto, nas frotas do transporte coletivo das cidades, gerando economia circular, emprego e renda aos nossos municípios”, explicou Rafael Lamastra Jr., CEO da Compagas.
De acordo com informações da Scania, com a utilização dos veículos a gás [inclusive com gnv] é possível reduzir de forma significativa a emissão de poluentes na atmosfera, em até 90%, quando comparado ao uso de veículos a diesel. Há também ganhos para a saúde da população, com a redução em 90% de óxidos de nitrogênio (NOx) e de 85% do material particulado.
Marcelo Cortez, diretor da CMTU, disse que no decorrer das semanas de teste serão considerados fatores como a autonomia e a qualidade do veículo: “Precisamos conhecer a efetividade dele numa cidade com as características como a nossa, saber exatamente que quantidade de combustível seria necessária à operação”.
A Scania considera que a operação em escala real, com monitoramento da operadora e Prefeitura, permitirá uma análise completa do comportamento do veículo, e não um pequeno período de testes. “Temos certeza que esta ação inédita com o biometano numa operação regular urbana será um divisor de águas para que mais cidades preocupadas com a redução da emissão de poluentes coloquem em prática frotas mais eficientes...", frisou Paulo Genezini, gerente de Sustentabilidade da Scania Brasil.
Segurança
O modelo da Scania que circulará em Londrina é o padron K 280, com14 metros de comprimento, piso elevado e capacidade para 86 passageiros. O ônibus é equipado com elevador para acessibilidade e espaço interno para cadeirantes. O modelo K 280 4x2 tem propulsor de 280 cavalos de potência. Seu motor é Ciclo Otto (o mesmo conceito dos automóveis) e pode ser alimentado com gás natural, biometano, ou a mistura de ambos. O texto da empresa explica que não se trata de um ônibus diesel convertido, mas de um motor projetado especificamente para funcionar com gás. Para o ônibus em teste, foram instalados oito cilindros de gás na lateral dianteira com uma autonomia de 300 km.
Cilindros de gás na base do veículo: segurança contra incêndios ou explosões Foto: Compagas
Segundo a Scania, os cilindros e válvulas são certificados pelo Inmetro (em conformidade com a lei). São três válvulas (vazão, pressão e temperatura) que liberam o gás em caso de anomalia em um destes três quesitos. Os cilindros são extremamente robustos (o material é de ogivas de mísseis). Em caso de incêndio ou batida o gás é liberado para a atmosfera e se dissolve sem perigo de explosão, diferentemente de um veículo similar a diesel, que é mais perigoso, pois o líquido fica no chão ou pode se espalhar ao longo da carroceria.
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