Nesta quinta-feira (18), um protesto da Frente Povo Sem Medo* foi realizado em frente à sede do Grupo CCR, empresa que controla a concessionária ViaMobilidade, que administra as linhas 8 e 9 de trens metropolitanos de São Paulo. Os manifestantes levaram faixas e cartazes para a entrada do edifício comercial, que fica na zona sul da capital paulista, reivindicando providências contra as constantes falhas do serviço.
O último problema ocorreu ontem (17) pela manhã, quando falhou o sistema de energia da Linha 9–Esmeralda, que liga a zona sul paulistana a Osasco, na região metropolitana, e fez com que os trens operassem por uma única via. Assim, os passageiros enfrentaram mais de duas horas de atrasos. Segundo a concessionária, o problema teve início às 10h17 e foi solucionado às 12h34.
Acordo
Há um mês, a ViaMobilidade apresentou uma proposta de acordo para o Ministério Público de São Paulo, com a previsão de R$ 87 milhões em investimentos. Em março, a promotoria havia informado que, em razão da série de descarrilamentos e problemas técnicos registrados recentemente nas linhas privatizadas 8 e 9, havia encerrado todas as negociações de acordos com a operadora e que tinha decidido "tomar as providências necessárias" para a extinção do contrato de concessão.
De acordo com a ViaMobilidade, os novos recursos serão aplicados em cinco frentes: melhoria nas estações Antônio João, Barra Funda, Presidente Altino, Primavera Interlagos, e a implantação de tecnologia que permitirá aos usuários, em tempo real, saber os horários de chegada e partida das composições.
A ViaMobilidade, consórcio formado pela CCR e pelo Grupo Ruas, ganhou, em 2021, a concessão para administrar as linhas 8 e 9, que eram mantidas pela estatal estadual Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O contrato tem validade de 30 anos. A empresa também mantém a Linha 5–Lilás do sistema de metrô.
Problemas constantes
Desde que a empresa assumiu a operação das linhas, os passageiros vêm sofrendo com as constantes falhas do serviço. Em março, um parecer elaborado pela área técnica do Ministério Público de São Paulo apontou para a necessidade de medidas emergenciais para garantir a segurança da Linha 8-Diamante, que liga a região central paulistana à parte oeste da região metropolitana. Segundo o documento, era preciso ainda fazer manutenção e modernização de equipamentos antigos.
O relatório foi elaborado para embasar o trabalho dos promotores no inquérito sobre dois acidentes ocorridos na linha em 2022. Em março do ano passado, um trem bateu contra uma barreira de proteção na Estação Julio Prestes, na região central paulistana. Em dezembro, a mesma composição descarrilou na Estação Domingos de Moraes, na zona oeste da cidade. Ninguém ficou ferido em nenhuma das situações.
Na manifestação desta quinta-feira, a Frente Povo Sem Medo cobrou explicações sobre as denúncias veiculadas no último fim de semana de que houve redução no tempo de formação de condutores após a privatização.
Outro lado
A ViaMobilidade informou, por nota, que ainda aguarda resposta do MP a respeito da proposta de acordo apresentada em abril. Mas informa que já investiu, desde janeiro de 2022, quando assumiu a operação das linhas 8 e 9, mais de R$ 1,7 bilhão em melhorias.
Entre os investimentos, a empresa destaca a aquisição de 36 trens novos da Alstom. "O primeiro deles está em fase final de testes e entra em operação comercial até o final de maio", ressalta o comunicado.
Para o trabalho de melhoria dos trilhos e parte elétrica do sistema, a empresa afirma ter triplicado o número de equipes empenhadas. "O trabalho de manutenção precisa ser realizado durante a madrugada, quando o transporte não opera, em janela curtíssima de tempo entre 1h e 3h da manhã", justificou sobre porque os investimentos em melhoria acontecem de forma gradual.
A empresa diz ainda que o treinamento dos operadores dura ao menos quatro meses, conforme estipulado no contrato de concessão.
*A Frente Povo Sem Medo é uma organização que articula nacionalmente movimentos sociais e sindicais, e que se posiciona contrariamente à política de privatização de serviços públicos essenciais.
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