De Bike ao Trabalho em Brasília

Uirá Lourenço, do blog Brasília para Pessoas, reporta como foi o dia de pedalar até o trabalho, evento realizado na sexta-feira, 12 de maio. Veja alguns depoimentos

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Fonte: Mobilize Brasil / Brasília para Pessoas  |  Autor: Uirá Lourenço  |  Postado em: 17 de maio de 2023

Grupo de brasilienses que aderiu ao De Bike ao Tra

Grupo de brasilienses que aderiu ao De Bike ao Trabalho

créditos: Reprodução Brasília para Pessoas
Na última sexta-feira, 12 de maio, foi realizada mais uma edição da campanha De Bike ao Trabalho, promovida no Brasil pela rede Bike Anjo. Foi uma boa chance de incentivar o pedal como meio de transporte no dia a dia e destacar a viabilidade desse veículo simples e fantástico.


Além de se exercitar no trajeto, a bicicleta – assim como o caminhar – propicia um contato direto com a cidade, com a natureza exuberante em que florescem ipês e paineiras. E acreditem: cada estação do ano tem um colorido especial aqui no Distrito Federal.

 

Bicicletário da CLDF no dia da campanha Foto: Uirá Lourenço

 

É sempre muito bacana e animador ver mais pessoas usando a bicicleta. Fico imaginando se houvesse mais incentivos para pedalar no dia a dia, com ciclovias contínuas e iluminadas, menor limite de velocidade nas vias e menos vagas para os motoristas na garagem. Sonhamos com esse futuro possível e, por isso, desde 2016, sempre na segunda sexta-feira de maio, temos promovido o De Bike ao Trabalho. E também organizamos a atividade no Dia Mundial sem Carro, em 22 de setembro.


Em meu local de trabalho, a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), surgiram alguns novos adeptos, além dos apoiadores de sempre, servidores que suam a camisa e vêm de longe para um dia mais leve e descontraído. Ornelio veio do Gama, Ana Clélia pedalou desde o Lago Sul, e Hugo veio de Águas Claras. Leia, a seguir, os depoimentos de Ana e Hugo.

 

Ana Clélia Foto: Uirá Lourenço


Ana Clélia, do Lago Sul à Câmara Legistativa do DF
"Eventualmente vou para o trabalho de bicicleta e é um dia muito feliz quando tenho essa oportunidade. Aproveito o trajeto de outras maneiras: aprecio o céu maravilhoso de Brasília, o vento no rosto pela manhã, a natureza e até mesmo a arquitetura das edificações.


A cidade plana favorece o uso da bike, e é uma delícia pedalar aqui. Além disso, a CLDF tem uma estrutura excelente para o ciclista, com vestiários com guarda volume e chuveiro, e um local seguro para estacionar a bicicleta.


Antes de me aventurar a usar a bicicleta para o trabalho, planejei o percurso, observei qual caminho seria mais seguro e mais fácil. Para mim, os 12 km de casa ao trabalho são tranquilos na maior parte do trajeto. Há ciclovias, ciclofaixas, calçadas e ruas com pouca circulação de carros. Porém, existe um pequeno trecho preocupante, que é a saída da Ponte das Garças em direção à L2 Sul. Neste local, como não há ciclofaixa nem calçada, a única alternativa é pedalar na mesma via que os carros. Eu imagino que a pé é praticamente inviável. Estranhamente, a Ponte das Garças tem um guarda-corpo, mas na saída da ponte não existe nenhum recurso de proteção para quem está de bicicleta ou a pé. O mesmo problema ocorre em outros pontos da cidade, como na Estrada Parque Aeroporto (
EPAR).


Moro no Lago Sul, local muito bom para pedalar. Tem ciclofaixa na via principal, boas condições de asfalto e de calçadas e há muita gente que pedala no Lago Sul, por esporte, lazer, trabalho, escola… Difícil mesmo é o acesso ao Lago, onde temos que se aventurar e dividir a via com os carros em alta velocidade.


A viabilidade de usar a bicicleta para ir ao trabalho depende de alternativa segura para o deslocamento. No caso Lago Sul, é preciso prover acessos para quem não está motorizado. Pedestres também têm dificuldade, se quiserem se deslocar da L2 sul para o Lago Sul, por exemplo."

 

Hugo Leite Foto: Uirá Lourenço

 

 Hugo Leite, pedalando desde Águas Claras
"Moro em Águas Claras, a cerca de 21 km de distância, e decidi adotar essa prática por motivos de saúde e preocupação com o meio ambiente. No início, deparei-me com o desafio de superar o bloqueio mental que nos faz acreditar que não é possível utilizar a bicicleta como meio de transporte para o trabalho. São tantas questões que surgem: o tabu social, a presença de carros nas vias, a falta de ciclovias adequadas, a distância a percorrer, o preparo físico necessário, o tempo de deslocamento, a questão do banho após pedalar, os equipamentos e até mesmo o receio de um pneu furado no caminho. A mente não se cansa de levantar essas barreiras contra a saúde e a mobilidade.


Como engenheiro, resolvi encarar cada um desses argumentos que vão contra o uso da bicicleta para ir ao trabalho e analisá-los em prol dos benefícios para a saúde e a utilização consciente dos recursos naturais. Percebi que muitas dessas preocupações podem ser resolvidas com planejamento, organização e adaptação.

No que diz respeito ao meu trajeto diário, considero-o bastante acessível até a altura da Octogonal. A partir dali, não existem ciclovias adequadas, apenas calçadas com inúmeras imperfeições, o que me obriga a compartilhar o espaço com os veículos. No entanto, observei que os motoristas da região do Sudoeste estão acostumados a conviver com bicicletas, tornando a coexistência mais pacífica. Talvez isso se deva ao nível de renda e escolaridade da cidade, além da consideração de questões como mobilidade e eficiência energética.

Ao chegar à Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), sinto-me acolhido, pois contamos com bicicletário, vestiários equipados com água quente e armários. Percebi que até a válvula do chuveiro, com tempo de uso, foi pensada para economizar água durante o banho, evidenciando a preocupação com o uso consciente dos recursos.

Por fim, acredito que a adoção de ciclovias na região do Sudoeste, até o Setor de Indústrias Gráficas (SIG), assim como temos nas principais avenidas de Águas Claras, seria uma excelente opção para incentivar a mobilidade urbana e o uso da bicicleta como meio de locomoção. Essa medida ampliaria as possibilidades de deslocamento e promoveria uma alternativa mais saudável e sustentável.

Em resumo, sinto-me feliz em contribuir com a minha saúde e, ao mesmo tempo, promover o uso mais adequado e racional dos recursos que Deus nos proporcionou. Pedalar até o trabalho trouxe-me inúmeros benefícios e superou todas as barreiras que, inicialmente, pareciam ser impossíveis"


Veja um vídeo sobre o dia De Bike ao Trabalho em Brasília:

 

 


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