Informações do DataSus divulgadas pelo Ministério da Saúde indicam 1.906 mortes de pessoas em bicicletas nas ruas e estradas brasileiras em 2021. O número tem aumentado ano a ano e já representa 5% das 33.813 mortes relacionadas a sinistros de trânsito.
Naquele ano a cidade de Goiânia foi a capital mais perigosa para quem pedala, com 1,36 sinistros com ciclistas por 100 mil habitantes. Curitiba ocupa a segunda posição nesse ranking macabro, com 1,07 mortes por 100 mil habitantes, seguida por Recife, com 0,78 dos sinistros envolvendo ciclistas por 100 mil habitantes.
O Estado de São Paulo segue a tendência nacional e tem registrado aumento nas mortes de pessoas em bicicletas: em 2021 foram 321 óbitos, mas em 2022 o número saltou para 357, conforme o Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito (Infosiga), ou quase uma morte por dia nas vias paulistas.
Infraestrutura patina
Os números assustam porque a bicicleta é vista como umas melhores saídas para a crise de mobilidade nas cidades. Assim, a melhoria das infraestruturas para bicicletas, com mais conforto e segurança, é um requisito básico para atrair mais pessoas a esse modo sustentável de transporte, conforme pesquisas nacionais. E embora os especialistas destaquem a importância das bicicletas como fator para a melhoria da saúde das pessoas e da vida nas cidades, de forma geral os prefeitos ainda se mostram tímidos e reticentes quanto à expansão das redes cicloviárias.
Bons exemplos não faltam, como Bogotá, Cidade do México, e Santiago, além de Nova York, Berlim e, mais recentemente, Paris, onde uma postura firme da prefeita Anne Hidalgo levou à constituição de uma boa rede de ciclovias, com a consequente tomada das ruas por milhares de ciclistas.
No Brasil, depois de programas de construção de ciclovias em Brasília, Rio e São Paulo, há alguns avanços a destacar em Fortaleza, Recife e Florianópolis, além de algumas cidades de médio porte, como Cascavel (PR), Joinville (SC), Sorocaba (SP) e, principalmente Niterói (RJ). Mas a manutenção e expansão sempre derrapa na descontinuidade das políticas públicas.
O resultado, infelizmente, são mais e mais bicicletas brancas (ghost bikes) espalhadas pelas ruas.
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