A empresa japonesa Mitsui, que controla a SuperVia*, anunciou nesta quarta-feira (26) que pretende devolver ao Estado do Rio a concessão de operação dos trens da região metropolitana. A empresa entregou um ofício à Secretaria Estadual de Transportes alegando que não tem mais interesse em operar na malha viária da cidade.
Nesta quinta-feira (27) a direção da Mitsui deverá se reunir com o governador Cláudio Castro (PL) para oficializar a devolução da concessão. "Hoje eu vou entender se eles querem sair imediatamente ou se pretendem repassar a alguém, se já tem alguém no radar deles”, declarou Castro.
A decisão da concessionária de encerrar a operação dos trens metropolitanos não chegou a ser lamentada pelo governador, que comentou que a Supervia não vinha atendendo bem a população: "O serviço está posto aí, é péssimo", questionou o chefe do executivo.
Motivos
Informações divulgadas na imprensa carioca dão conta que o impasse entre a Mitsui e o Estado do Rio envolveria o descumprimento nos investimentos de melhoria no sistema, previstos em um dos aditivos ao contrato. A companhia também alega que houve um desequilíbrio econômico-financeiro, o que impediria a viabilidade da concessão.
A Supervia deve propor uma indenização ao Estado de mais de R$ 70 milhões, com a assinatura de um aditivo nesse valor ao contrato de concessão. A medida abrangeria a perda de passageiros durante a pandemia em troca de investimentos. Sem esses recursos, a Supervia afirma que só terá dinheiro em caixa para operar o sistema até agosto.
A concessionária transporta atualmente de 300 mil a 350 mil passageiros por dia e alega que antes da pandemia eram cerca de 600 mil pessoas. A empresa também diz que é alvo permanente de vandalismo, furtos e roubos de cabos de energia, o que prejudica a qualidade do serviço e a operação dos trens.
Barcas
Nos últimos meses, essa é a segunda concessionária de serviços de transportes públicos no Rio de Janeiro que desiste da operação. No final de 2022, a CCR, que administra o sistema de barcas, incluindo a travessia Rio-Niteroi, também anunciou a desistência do serviço. O governo estadual conseguiu fechar um acordo com a empresa para manter a operação dos serviços por dois anos.
Como fica
A Supervia não aceitou as condições propostas e decidiu não assinar o novo termo aditivo do contrato. Caso o documento fosse assinado, a concessão seria válida até 2045. Agora, o governo estadual já busca alternativas e estuda um novo modelo de licitação para selecionar a futura operadora do sistema.
Espera-se que, no novo edital para a seleção da concessionária, observe-se alguns aspectos relevantes, tais como a tarifa de performance e a definição de indicadores de desempenho que as empresas interessadas deverão cumprir para receber parte do repasse.
Em nota, o governador Cláudio Castro afirmou que o estado repassou aproximadamente R$ 400 milhões em 2022 para compensar as perdas da SuperVia com a queda do número de passageiros, e classificou os serviços como “precários”.
*A Supervia é controlada pela Guarana Urban Mobility Incorporated (Gumi), da japonesa Mitsui, desde 2019. A concessão venceria nos próximos meses, mas poderia ser prorrogada até 2043.
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