A concessionária ViaMobilidade, operadora das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda de trem de São Paulo, apresentou na manhã desta segunda-feira (17) ao governo de São Paulo e ao Ministério Público uma proposta de acordo que prevê investimento de mais R$ 87 milhões para melhorias na infraestrutura dos ramais. Agora, a empresa aguarda resposta das partes.
O documento foi exigido pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em encontro realizado na última quinta-feira (13) e deveria ser entregue até a noite desta segunda.
Segundo a concessionária, o montante deve ser investido em cinco frentes:
- modernização da estação Antônio João (linha 8);
- ampliação do mezanino da estação Barra Funda (linha 8) e instalação de escadas rolantes;
- adição de passarelas na estação Presidente Altino (linhas 8 e 9);
- ampliação do número de catracas da estação Primavera Interlagos (linha 9);
- implantação de tecnologia para dar informações em tempo real sobre os horários de chegada e partida das composições.
As melhorias propostas, se acatadas por governo e Promotoria, ainda não têm prazo para conclusão.
Recuperação de trilhos
Na última semana, a ViaMobilidade também havia apresentado proposta adicional de investimentos no valor de R$ 117 milhões a serem quase integralmente destinados à recuperação dos trilhos e dormentes das vias. As substituições dos pontos críticos nos ramais e, em especial, as trocas de dormentes devem ser realizadas até agosto deste ano, segundo a concessionária.
Em parecer técnico realizado a pedido do Ministério Público e publicado no último dia 22 de maio, técnicos dizem que a concessionária deve, urgentemente, tratar da segurança das vias, como manutenção de trilhos, dormentes e equipamentos, a fim de evitar acidentes graves.
Descarrilamento de trem na Linha 8-Diamante em janeiro de 2023. Foto: Diário da CPTM
Falhas
Em pouco mais de um ano sob a administração da ViaMobilidade, as linhas 8 e 9 acumularam 166 falhas, ou seja, média de uma a cada três dias. As falhas abrangem o período de 27 de janeiro de 2022, quando a empresa passou a operar os dois ramais, e 31 de janeiro deste ano. São problemas em equipamentos, trens, trilhos, sistema de alimentação elétrica, rede aérea e sinalização.
Em 2019 inteiro, quando os dois ramais ainda eram administrados pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), foram contabilizadas 121 ocorrências. Nos dois anos seguintes, 2020 e 2021, somaram 34, mas com a ressalva de que a pandemia de Covid levou à redução de passageiros no sistema.
Em razão das falhas em frequência, a concessão entrou na mira do Ministério Público em meados de 2022. No último dia 30, o promotor, Silvio Marques, da Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social, afirmou que não teria mais possibilidade de diálogo com a empresa e que medidas judiciais seriam tomadas em até 15 dias para rompimento do contrato de concessão das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda.
Leia também:
Apesar das falhas em trens, Tarcísio diz que MP não governará por ele
MP faz vistoria nas linhas 8 e 9 de trens da ViaMobilidade
MP pedirá ao governo de SP que cancele contrato com ViaMobilidade
MP diz "já ter provas suficientes" para suspender contrato da ViaMobilidade