De olho nas mudanças climáticas e planejando a mobilização urbana, alguns países da Europa oferecem subsídios que vão da compra de bicicletas a remuneração extra no salário no fim do mês para quem decide pedalar de casa ao trabalho.
Para começar, vamos conferir como isso se dá na Holanda, o país com o maior número de ciclistas per capita. Cada holandês é dono em média de 1,3 bicicleta. Além das ruas terem uma ótima infraestrutura para quem faz uso da bicicleta, atualmente o governo paga 0,21 euro (1,14 real) por quilômetro para quem pedala da casa ao trabalho. E a ideia é aumentar esse incentivo a 0,23 euro em 2024.
Com esse programa, um ciclista holandês que roda 10 km por dia, durante cinco dias por semana, poderia ganhar até 504 euros (cerca de R$ 2.750) por ano. Essa quantia é paga diretamente ao trabalhador no seu recibo de salário.
A Bélgica também tem um programa parecido. A compensação econômica é de 0,24 euro (cerca de R$ 1,31) por cada quilômetro pedalado para quem troca o carro e o transporte público pela bicicleta.
Incentivos britânicos
Na terra da rainha, o programa para incentivar o uso das magrelas é feito de outra maneira. O governo britânico tem o programa Cycle2work (Pedale ao trabalho) que oferece incentivos fiscais para trabalhadores e empresas.
Ciclistas vão ao trabalho em Londres com incentivos governamentais repassados pelas empresas. Foto: TfL
O desconto é dado para os empregados que compram ou alugam bicicletas, ou acessórios de segurança como cadeados, coletes, luzes, espelhos e capacetes, por meio das empresas onde trabalham.
A companhia se inscreve no projeto e o trabalhador vai pagando a bicicleta diretamente por meio do seu salário, durante um prazo máximo de 12 meses. Se a bicicleta for elétrica o desconto é mais alto e pode chegar até 39%.
Troque seu carro por uma e-bike
A França é outro bom exemplo: lá, os líderes políticos vem incentivando o uso de bicicletas elétricas. Atualmente, o governo francês subsidia com até 4 mil euros (cerca de R$ 22 mil) quem vender seu carro e comprar uma e-bike.
Maior subsídio para o ciclista de baixa renda que mora em áreas distantes. Foto: A News Tech
A particularidade da iniciativa francesa é que os cidadãos de baixa renda que moram nas áreas mais afastadas têm mais chances de receber esse subsídio. Pessoas de classe alta também podem aplicar, mas recebem uma ajuda menor do governo.
Quem decidir não vender seu carro e apenas comprar uma bike elétrica para circular pelo país, ganha 400 euros (cerca de R$ 2.180). O objetivo do governo francês é que, até 2025, 9% da sua população use a bicicleta como meio de transporte.
Guerra contra os carros antigos
Grandes capitais europeias como Madri, Roma ou Londres estão restringindo cada vez mais a circulação de veículos no centro da cidade. Algumas cobram um valor diário caso o cidadão queira entrar nessa área de carro.
Em Londres, por exemplo, o "congestion charge" é de 15 libras por dia (cerca de R$ 92). Em Madri, os carros a gasolina que foram registrados antes do ano 2000 e os movidos a diesel matriculados antes de 2006 têm várias restrições para circular pela cidade. E a partir de 2025 já não poderão ser usados em nenhuma região da capital espanhola.
Estudos mostram que esse tipo de incentivos, subsídios e campanhas para diminuir o uso de carros em grandes centros urbanos tem sido efetivo. E o número de ciclistas aumentou bastante na Europa.
Além da economia no bolso, pedalar traz benefícios para a saúde. Segundo um estudo divulgado pelo Jornal Britânico de Medicina Esportiva, o uso da bicicleta para ir ao trabalho diminui em 22% as chances de desenvolver uma doença cardíaca. Além disso, melhora o raciocínio e diminui o estresse.
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