Prefeitura de SP avança no projeto de hidrovia na Billings

Consórcio que fará o projeto na represa ao sul da capital paulista foi definido em dezembro. Previsto para 2024, modal transportará passageiros entre Pedreira e Cocaia

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Fonte: Veja SP  |  Autor: Hyndara Freitas  |  Postado em: 08 de fevereiro de 2023

Vista aérea da represa Billings, no extremo sul de

Vista aérea da represa Billings, no extremo sul de São Paulo

créditos: Sabesp/ Reprodução

Moradores da região da represa Billings, na zona sul de São Paulo, poderão ter nos próximos anos um novo modal de transporte, inédito na cidade: o transporte hidroviário. A Prefeitura, por meio da SPTrans, homologou no fim de dezembro a contratação de um consórcio de empresas que farão estudos de licenciamento ambiental e o projeto para implementar uma embarcação que vai transportar passageiros entre a Pedreira, na Cidade Ademar, e o Parque Residencial Cocaia, no Grajaú. 

 

A medida intitulada Aquático SP foi prevista em uma lei sancionada em 2014 pelo então prefeito Fernando Haddad (PT). O projeto de lei partiu da Câmara Municipal, e seu autor foi o então vereador Ricardo Nunes (MDB), hoje prefeito da capital. Essa norma criou o Sistema de Transporte Público Hidroviário e previu sua integração ao sistema de transporte já existente em São Paulo, e seu custeio mediante a tarifa — assim como é com os ônibus. Assim, a ideia é que as pessoas que moram na região da Billings usem o Aquático junto aos ônibus da região, que sofre com congestionamentos constantes.

 

O Consórcio Projetista EAB, formado por três empresas de engenharia e que se consagrou vencedor da licitação, foi contratado pela SPTrans sob o custo de 4,9 milhões de reais e terá 12 meses para apresentar projetos detalhados para a construção do modal, bem como o licenciamento ambiental e todos os laudos técnicos necessários. 

 

As empresas serão responsáveis por fazer o projeto de construção de dois terminais-atracadouros, o que inclui ainda alargamento das vias de acesso para esses locais. A ideia é que eles sejam atrelados a terminais e corredores de ônibus, de modo que os passageiros passem de um modal ao outro sem dificuldades. 

 

O terminal de embarcações Cocaia deverá ter 10.470 m² de área, enquanto o da Pedreira  chegará a 18.000 m². A travessia é de cerca de 3 km e deve ser feita em aproximadamente 25 minutos, um trajeto que hoje leva, de ônibus, cerca de uma hora e quarenta minutos.  

 



Mapa mostra os dois terminais hidroviários - Pedreira e Cocaia - às margens da Billings. Imagem: Prefeitura de SP 

 

Outro edital, publicado em 6 de janeiro, visa a contratar uma empresa para fazer o levantamento da profundidade da represa e das variações nos níveis da água, para verificar que tipo de embarcação poderá ser usada no local. Para essa etapa, a SPTrans pretende gastar R$ 1,6 milhão. Para que o projeto se torne realidade, será necessário desapropriar algumas áreas, principalmente porque há muitas ocupações irregulares próximas à represa.  

 

Economia de tempo

O arquiteto e urbanista Alexandre Delijaicov, que coordena o grupo de pesquisa Metrópole Fluvial da FAU-USP, que firmou um acordo de cooperação técnica com a SPTrans para estudar como deve ser feito o sistema de transporte público hidroviário, afirma que a travessia na Billings, que vai ser o projeto-piloto, vai “garantir dignidade para as pessoas que vivem ali, pois elas economizariam muito tempo da viagem diária ao deixar de ter que contornar a represa de ônibus”.  

 

Delijaicov propõe que as embarcações sejam elétricas, e não movidas a combustíveis fósseis, que são poluentes, e ainda que haja uma política pública de educação ambiental mais abrangente na região da represa. “Estamos propondo escolas municipais de educação ambiental, e até barco-escola. Também uma escola municipal de carpintaria naval para as crianças, de vela-remo e canoagem. Além de medidas de preservação ambiental: reflorestar e recuperar os braços das represas para retomar metros cúbicos de armazenamento de água”, sugere. 

 

Outro ponto que é analisado com atenção pelo grupo é como garantir a maior eficácia do futuro sistema de transporte. “O ônibus tem o trânsito, no metrô e trem também há falhas nos trilhos, o espelho-d’água, não é um mar, que tem maré baixa e maré alta e a gente sabe quanto sobe e desce. Aqui não, é um lago artificial, e depende da chuva. O reservatório sobe e desce. Estamos estudando como garantir que o barco opere 95% a 97% do tempo, com o mínimo de falhas possíveis”, destaca.  

 

O arquiteto, que estuda o tema há décadas, afirma que é possível implementar transporte fluvial urbano em toda a região metropolitana, incluindo a represa de Guarapiranga e os rios Tietê e Pinheiros.  

 

A Prefeitura de São Paulo promete entregar o Aquático na Billings até 2024, último ano do atual mandato — o projeto está previsto no Programa de Metas da gestão Ricardo Nunes —, e afirma que ele vai beneficiar 385 mil pessoas, com a expectativa de transportar 10 mil passageiros por dia na travessia por barcos. A gestão será igual aos ônibus, com uma concessionária administrando o modal e a fiscalização e administração pela SPTrans. O custo total para operacionalizar o novo meio de transporte ainda está sendo calculado. 

 

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