O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), anunciou hoje (1º) o adiamento da tarifa de R$ 7,40 para os usuários dos trens urbanos operados pela SuperVia. Até ontem milhares de pessoas enfrentavam longas filas para conseguir o Bilhete Único Intermunicipal, que dará direito à chamada “tarifa social ferroviária”.
Com o benefício prometido, os usuários continuarão a pagar a tarifa anterior, de R$ 5,00 e a diferença será bancada por meio de um subsídio do governo fluminense. Mas, conforme a proposta original, o cadastramento de novos usuários para o benefício só seria feito até o dia 2 de fevereiro, mesmo dia em que o aumento entraria em vigor, o que gerou a alta procura pelo bilhete único.
O contrato de concessão entre o governo do estado e a SuperVia previa reajustes anuais pelo IGP-M, que foi de 5,9% no último ano. Com esse cálculo, a tarifa seria majorada para R$ 7,00 em 2022, mas o governo manteve congelado o valor em R$ 5,00. Agora a agência reguladora Agetransp aprovou o aumento para R$ 7,40, valor muito acima da média brasileira, hoje em torno de R$ 4,40.
Reações
O aumento tem provocado uma série de reações dos usuários e de organizações da sociedade, que contestam a decisão da Agetransp. Uma página, a SuperViaAumentoNão foi criada especialmente para apresentar argumentos contra o aumento da passagem dos trens e pressionar as autoridades. No site, um longo texto expõe o problema, mas resumimos o essencial aqui:
"... A Supervia não cumpre com o contrato de entrega de serviço, mas quer cumprir com o aumento proposto pela Agetransp. Quem pega trem todo dia sabe do que estamos falando. Vagões lotados, precários, longos intervalos entre os trens, risco de suspensão das operações, e até mesmo acidente nos trilhos.
A desculpa que o governador está usando é que quem ativar o Bilhete Único Intermunicipal (BUI) continuará pagando a tarifa com desconto. Só que com o prazo curto, poucos pontos de recadastramento, filas enormes e muita burocracia, metade dos usuários podem ficar para trás e pagar o novo valor. Cerca 314 mil usuários dependem dos trens para ir trabalhar e, com o atual valor de R$5, isso significa mais de R$1,5 milhão diários para os bolsos da Supervia.
...O benefício só vale para os usuários que possuem cadastro no Bilhete Único Intermunicipal, que hoje são apenas cerca de 7%. Ou seja, a maior parte dos usuários terá que pagar o valor cheio da passagem!...".
Os trens da SuperVia atendem a 12 municípios da região metropolitana do Rio e transportam mais de um milhão de usuários por dia, na maioria pessoas de baixa renda. E, sem o bilhete único, uma pessoa terá que gastar R$ 14,80 apenas para ir e voltar do trabalho. Especialistas em transportes avaliam que a elevação da tarifa, associada à má qualidade dos serviços de trens, levará as pessoas a buscarem outras formas de mobilidade - especialmente motos e carros - agravando a crise em todo o sistema de transportes públicos da região metropolitana.
Quer saber mais e pressionar contra o aumento?
Acesse o site https://superviaaumentonao.meurio.org.br
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