Reduzir a velocidade dos carros piora o congestionamento?

A resposta é não! Além de melhorar a segurança, reduzir os limites de velocidade máxima em centros urbanos aumenta a fluidez do trânsito, diz especialista

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Fonte: Portal do Trânsito  |  Autor: Mariana Czerwonka/ Portal do Trânsito  |  Postado em: 05 de dezembro de 2022

Via calma (30 km/h): outra medida adotada em ruas

Via calma (30 km/h): outra medida adotada em ruas de SP

créditos: Mobilize

Reduzir os limites de velocidade em vias urbanas de grandes cidades já é uma realidade. Além disso, é uma medida de segurança recomendada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para diminuir a gravidade e a ocorrência dos acidentes de trânsito causados pelo excesso de velocidade. 

 

De acordo com Celso Mariano, especialista e diretor do Portal do Trânsito, existem vantagens significativas em reduzir o limite de velocidade máxima em centros urbanos, além da fluidez do trânsito. “A velocidade média mais baixa traz inúmeros benefícios. Por exemplo, dá mais tempo de reação para os condutores. É possível enxergar, ou seja, perceber muito mais o que está acontecendo. Além disso, a energia do movimento, chamada energia cinética, envolvida é menor, então quando acontece um acidente os danos são muito menores”, explica. 

 

Sobre a fluidez, o especialista destaca que é menos provável que haja travamentos ou congestionamentos se a velocidade média for mais baixa. “Não adianta todos chegarem ao mesmo tempo no cruzamento e ficarem ali parados esperando abrir o sinal vermelho. Há uma velocidade média a ser desenvolvida para que esse tempo de parada a cada pouco seja o mínimo possível. E é isso que faz o trânsito ser funcional, isso é fluidez”, justifica Mariano.

 

Velocidade x gravidade dos acidentes

Quanto maior a velocidade, menos o motorista tem tempo para parar e evitar o acidente. Esta a conclusão unânime entre os estudos técnicos, simulados e avaliação de acidentes reais ocorridos no mundo todo e chancelados pela Organização Mundial da Saúde (OMS): um carro viajando a 50 km/h precisa de 13 m para parar enquanto um carro viajando a 40 km/h pode parar por menos de 8,5 m.

 

Um aumento de velocidade de 1 km/h leva a um aumento médio de 3% do risco de se envolver em um acidente causando lesões. Além disso, um acréscimo de 4% a 5% do risco de se envolver em uma ocorrência fatal, apontam os estudos.

 

A velocidade também piora os efeitos de uma colisão: quanto mais rápido um veículo estiver, mais forte será o impacto. Para os ocupantes de um carro em movimento a 80 km/h no momento da colisão, a probabilidade de morrer em um acidente é 20 vezes maior do que se o veículo só tivesse a 30 km/h.

 

A relação velocidade e gravidade do trauma é ainda pior para pedestres e ciclistas, que não estão protegidos pela estrutura de carros e caminhões. São os mais vulneráveis no trânsito e precisam ser protegidos. Ainda segundo a OMS, pedestres têm 90% de chance de sobrevivência se atropelado por um carro que trafega a 30 km/h ou menos. Esta chance cai para menos de 50% quando o choque ocorre a 45 km/h e é extremamente baixa se o choque for a 80 km/h.

 

Cidade de São Paulo já reduziu para 40 km/h o limite de velocidade em algumas vias. Foto: Mobilize

 

Exemplos

A Prefeitura de Curitiba, no Paraná, há algum tempo, deu início a um projeto de padronizar em 50 km/h a velocidade máxima na maior parte das ruas da cidade. A iniciativa não é isolada e vem precedida por experiências em grandes centros urbanos.

 

Curitiba segue outros exemplos, como é o caso de Genebra (Suíça), onde o limite de 50 km/h foi instituído há mais de 20 anos. Em Campo Grande (MS), a mesma intervenção foi feita em 2012. Já a cidade de São Paulo está reduzindo de 50 km/h para 40 km/h a velocidade máxima em diversas vias. E Paris promete implementar, até o fim do ano, o padrão de 30 km/h, com exceção dos eixos principais, como o anel viário.

 

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