O ativista Uirá Lourenço, do blog Brasília para Pessoas, saiu em férias, passou pela Holanda e aproveitou a viagem para experimentar os vários modelos de fietsen (bicicletas) que são usadas pelas pessoas de todas as idades, gêneros, cores, raças e religiões que vivem na cosmopolita Amsterdã. E em tempos de Copa do Mundo, cabe afirmar que com suas bikes os holandeses dão uma goleada mundial em mobilidade ativa. Leia o texto e veja as imagens colhidas pelo ciclista brasiliense.
"Em outubro tive o prazer de pedalar novamente na Holanda. A enxurrada de ciclistas nas ruas é um colírio para os olhos. Homem, mulher, jovem, criança, idoso, todos pedalam.
Os mais diversos modelos de bicicleta, as tradicionais urbanas com quadro baixo e bagageiro, as com caixa no meio que levam crianças, adultos, compras e cachorros, as bikes elétricas, dobráveis, tandems…
Diversidade de pessoas e tipos de bicicletas
E o que dizer das ciclovias? Sempre há bons e belos caminhos para seguir, inclusive entre as cidades. Fizemos uma viagem de bicicleta entre duas cidades – Arnheim Zuid e Nijmegen – e passamos por diferentes paisagens, por ciclovias margeando rios, fazendas e ferrovias. Existem diferentes rotas, bem sinalizadas, para os ciclistas. Dá para optar por caminhos bucólicos – por parques e bairros residenciais – ou pela rota direta (ciclovia expressa).
Opções de caminho entre cidades: ciclovia bucólica ou expressa
Destacam-se na paisagem de Amsterdã, além dos diversos canais, as muitas bicicletas por todo canto, circulando nas ciclovias e estacionadas. O bicicletário vertical, com alguns andares, ao lado da estação central, é uma atração à parte. Enquanto isso, em Brasília, ainda tentamos conseguir um bicicletário singelo na rodoviária do Plano Piloto, nossa estação central. Foi necessário ajuizar ação civil pública para exigir do governo um bicicletário e, mesmo assim, nem sinal de vagas cobertas e seguras.
É curioso notar que a capital holandesa tem ainda muito mais bicicletas pela cidade, ocultas nos grandes estacionamentos subterrâneos, com milhares de vagas, gratuitas pelo período de 24 horas, e muito utilizados. Ou seja, aquele monte de bicicletas paradas na superfície é apenas uma parte da enorme frota. Aliás, na Holanda existem 23 milhões de bicicletas para uma população de 17,5 milhões de pessoas!
Mega bicicletário na estação central e acesso para vagas subterrâneas
Eu e minha esposa Roni testamos a bicicleta cargueira tipicamente holandesa (bakfiets). Alugamos por dois dias e rodamos boa parte da cidade, eu pedalando e ela de boa, literalmente encaixotada! Mesmo sendo uma bakfiets comum, sem motor elétrico, deu para rodar bem, com muito conforto.
Diversão na bakfiets: mulher encaixotada
Em matéria de bicicletas temos muito a aprender com os holandeses. Uma das lições é a rede de ciclovias conectadas e seguras. E a cultura da bicicleta é mesmo um produto de exportação na Holanda, que tem até uma Embaixada do Ciclismo (Dutch Cycling Embassy). No recente encontro mundial no Egito (Conferência do Clima - COP 27), a ministra do Meio Ambiente destacou a importância da mobilidade ativa e a necessidade de reduzir o uso do automóvel. Ela ainda anunciou programa internacional para capacitar 10 mil profissionais em mobilidade ativa.
O ambiente nas cidades holandesas é muito favorável para caminhar e pedalar, com bons caminhos, calçadas e ciclovias em ótimo estado. E há uma série de restrições para o uso dos automóveis - como as limitações à velocidade, os espaços reduzidos de circulação, poucas (e caras) vagas de estacionamento. Em contrapartida, as cidades oferecem uma excelente rede de transportes públicos, com ônibus, bondes e trens. Seria ótimo se autoridades e gestores públicos no Brasil se convencessem da relevância da mobilidade sustentável e da necessidade de humanizar as cidades, com foco na segurança do trânsito, em vez da fluidez motorizada.
Um dia a ficha cai ; -)
Leia o post completo, com vídeos e mais fotos no blog Brasília para pessoas
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