O fechamento de ruas para carros é uma medida a favor da mobilidade ativa e sustentável que vem sendo adotada com sucesso em várias cidades do mundo. No Brasil, o exemplo partiu da cidade de São Paulo, com a sua Paulista Aberta, iniciada em junho de 2016.
Nos Estados Unidos as "open streets" (ruas abertas) já são realidade há alguns anos em várias cidades, com destaque para a metrópole de Nova York. A mais recente via que receberá o projeto é a Quinta Avenida (Fifth Avenue). Nesta terça-feira (22), o prefeito Eric Adams revelou que, durante todo o mês de dezembro, quando começa a época de férias, a mais famosa via da cidade, e os onze quarteirões ao redor, no bairro de Manhattan, ficarão abertos aos domingos exclusivamente para pedestres.
Campanhas publicitárias do governo já começaram a ser divulgadas com o propósito de incentivar os nova-iorquinos e turistas a fazer suas compras nas pequenas empresas locais de Midtown Manhattan.
E as autoridades prometem que na nova "open street", as pessoas vão poder aproveitar uma ampla programação de shows, haverá bebidas e alimentos comercializados nas ruas e, para maior comodidade dos visitantes, um mobiliário urbano será distribuído por todo o espaço.
Fora os domingos, os pedestres também ganharão espaço nas vias nos dias de semana: a administração diz que barreiras móveis serão instaladas em uma faixa de tráfego ao longo da Quinta Avenida e arredores.
Por trás dessa iniciativa, embasando a decisão, está o resultado de um estudo divulgado recentemente, realizado pelo Departamento de Trânsito de NY em colaboração com a Bloomberg Associates, que constatou o seguinte: no primeiro ano e meio da pandemia de Covid-19 os negócios do setor hoteleiro nas "ruas abertas" superaram as cifras atingidas nos demais pontos da cidade.
Rua Aberta no bairro nova-iorquino de Chinatown. Foto: NYC.gov
Já na Alemanha....
A notícia que vai na contramão desse avanço realizado em Nova York foi divulgada ontem (21) pela imprensa da cidade de Berlim. Na capital alemã, a administração municipal informa que deverá reabrir a rua Friedrichstrasse para os carros.
Desde 2020, todo um trecho dessa importante via cultural e comercial no centro de Berlim foi exclusivamente reservada para uso de pedestres e ciclistas. Mas, esse "experimento urbano", como ficou conhecido entre os berlinenses, será encerrado em breve, por decisão judicial.
Antes de ser fechado para carros, trecho da Friedrichstrasse tinha tráfego intenso. Foto: Annette Riedl/dpa/picture alliance
À época do fechamento, a comissária de trânsito de Berlim, Regine Günther, baniu os carros da avenida, desenhou uma ciclovia no meio e instalou bancos e vasos de plantas ao longo das calçadas. Mas, passado um tempo, uma lojista de vinhos moveu, e ganhou na Justiça, a ação que exige agora que a via volte a ser aberta aos carros. A justificativa alegada é que o fechamento foi ruim para as empresas.
Esta não é a regra nas ruas abertas, segundo a opinião de especialistas. Há exemplos bem sucedidos de zonas comerciais sem carros em outras cidades alemãs e europeias – como a zona para pedestres da Spitalerstrasse em Hamburgo ou a via de compras Rue Sainte-Catherine, em Bordeaux, na França. Nos dois casos, as ruas para pedestres estão beneficiando as empresas locais.
Saiba mais detalhes sobre o caso de Berlim, na reportagem da Deutsche Welle (DW).
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