Curitiba adota faixas acessíveis em calçadas de pedras

Reforma de calçadas inclui faixas acessíveis de concreto, mas mantém os pisos de pedra característicos da capital paranaense. Pedras portuguesas da rua XV serão mantidos

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Fonte: Prefeitura de Curitiba/Mobilize Brasil  |  Autor: Mobilize Brasil  |  Postado em: 16 de novembro de 2022

Calçada da rua Kellers, no Centro de Curitiba

Calçada da rua Kellers, no Centro de Curitiba

créditos: Foto: Valquir Aureliano/Bem Paraná


Dois anos após seu início, o programa Caminhar Melhor, da Prefeitura de Curitiba, chegou a alguns pontos simbólicos da capital paranaense, bem no coração da cidade. Nesta semana foi reinaugurado mais um trecho de calçadas renovadas, na rua Kellers, que tinha suas calçadas pavimentadas com lajotas de pedras, uma das marcas da cidade.


Quando o projeto foi iniciado, os curitibanos questionavam se os pavimentos de pedra seriam alterados com as obras de renovação, já que hoje são considerados inadequados para a circulação de pessoas com deficiência. A solução encontrada pela Prefeitura de Curitiba foi a inclusão de faixas acessíveis, construídas com pisos de concreto regularizado, junto com o piso antigo, sem descaracterizar a calçada original.


“Estamos investindo em calçadas e calçadões acessíveis e humanitários, em espaço de valorização das pessoas. É a mobilidade ativa, um estímulo para que o cidadão seja o protagonista do movimento, que se aproxime dos espaços urbanos e seja mais sustentável”, declarou o prefeito Rafael Greca em entrevista ao Bem Paraná. Na resposta, Greca argumenta que a mobilidade ativa é uma ativadora do espaço público, uma vez que, caminhando, as pessoas têm maior chance de ocupar esses locais.


A proposta curitibana não é exatamente uma novidade, já que faixas contínuas sobre calçadas de pedras portuguesas foram também adotadas em algumas áreas, em outras cidades do país, como em uma das praças mais tradicionais de Aracaju, por exemplo. No entanto, as obras em Curitiba têm mais chances de gerar uma tendência nacional porque foram concebidas com o apoio técnico do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), órgão reconhecido internacionalmente pelo desenvolvimento de boas propostas para as cidades.


A iniciativa integra o Programa de Mobilidade Urbana da Prefeitura e prevê investimentos de  40 milhões de reais na renovação das calçadas e também na expansão das ciclovias curitibanas. A meta é de 150 km de estrutura cicloviária e mais 100 km de calçadas acessíveis. O programa não alterará os pavimentos de algumas vias tombadas como patrimônio público, como o da Rua XV de Novembro, construído em 1972 e considerado o primeiro calçadão exclusivo para pedestres do país. 

 

Como nasceu o Calçadão da Rua XV
Os arquivos da Prefeitura de Curitiba indicam que em 1972, a cidade foi a primeira do Brasil a transformar uma de suas principais ruas em um calçadão exclusivo para pedestres. Notícias da da época registram que às vésperas de um fim de semana do mês de maio, ao anoitecer, operários contratados pela Prefeitura, munidos de ferramentas e equipamentos, desembarcaram de caminhões com a missão de transformar o local. De repente, sem aviso, a Prefeitura fechou a rua XV de Novembro e começou a construção do novo piso, em petit-pavê (mármore branco e diabásio preto), com a rosácea do artista Lange de Morretes.

 



As obras tiveram de ser feitas em um único final de semana porque a ideia de uma rua exclusiva para pedestres poderia gerar contrariedades. Após o início das obras, opositores do projeto decidiram protestar, avançando com seus carros sobre o calçadão recém-construído já na manhã de sábado, para tentar destruí-lo e fazer a administração municipal recuar. Mas uma ideia acabou salvando o projeto: quando a caravana automóveis chegou ao local, lá encontrou centenas de crianças pintando e desenhando sobre folhas de papel espalhadas pelo chão. Eram alunos das escolas municipais numa atividade extraclasse, acompanhadas por professores e monitores. E assim, os motoristas se viram obrigados a dar meia-volta com seus carros. E as crianças, sem saber, salvaram e ajudaram a perpetuar a atual Rua das Flores.


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