Jilmar Tatto é professor de história, mestre em ciências pela Poli-USP e deputado federal reeleito em 2022 pelo Partido dos Trabalhadores. Como secretário dos Transportes, ele foi o responsável pela implantação de 400 km de ciclovias e 400 km de faixas exclusivas de ônibus, entre várias outras ações na área de mobilidade, como a Paulista Aberta e a redução das velocidades nas Marginais, durante a gestão de Fernando Haddad (2013-2016) na Prefeitura de Sâo Paulo. Provocado pelo Mobilize Brasil, ele resumiu algumas propostas para a área de mobilidade urbana na gestão do futuro governo federal e dos governos estaduais. Assim como outros entrevistados, Jilmar Tatto respondeu à pergunta:
Quais deveriam ser as principais prioridades do novo governo federal na área da mobilidade urbana?
"Após 10 anos em vigor, o Plano Nacional de Mobilidade Urbana não conseguiu resolver questões como: má qualidade do transporte coletivo, redução de usuários, aumento das tarifas e falta de financiamento para infraestrutura adequada. No próximo governo, os poderes Executivo e Legislativo deverão promover uma mudança estrutural na forma de financiar o transporte público coletivo e obras de infraestrutura.
Por se tratar de uma área matricial, com impacto direto em questões de Planejamento Urbano e acesso a diversas políticas públicas, se faz necessária a discussão da implementação de um Sistema Único de Mobilidade, inspirado no Sistema Único de Saúde e no Sistema Único de Assistência Social, que garanta protagonismo das políticas de mobilidade na disputa por recurso orçamentário, bem como a participação social, em que grupos de interesse prioritário, como estudantes e idosos, por exemplo, ajudem no desenho e monitoramento das ações nesta área.
União, estados e municípios devem ter papéis integrados no financiamento e distribuição de recursos para a promoção de políticas de mobilidade, que priorizem o transporte coletivo de qualidade sobre o particular, com integração de modais e tecnologias que reduzam os impactos ambientais.
O Poder Público deve manter um diálogo permanente com entidades da sociedade civil organizada para a promoção de políticas no setor de mobilidade. O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), por exemplo, conseguiu unir uma série de entidades que têm interesse na área, e deve atuar com propostas e monitoramento das ações."
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