Carro autônomo, para que, para quem?

Em seu livro Autonorama, o historiador Peter Norton faz uma leitura crítica das promessas de carros autônomos. E sugere mais investimentos em transportes públicos

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Fonte: Amazon/Mobilize Brasil  |  Autor: Mobilize Brasil  |  Postado em: 01 de novembro de 2022

Anúncio dos anos 1960 apresenta a ideia do carro-r

Anúncio dos anos 1960 apresenta a ideia do carro-robô

créditos: Everett Collection


"As bases foram lançadas para a autonomia total", anunciou Elon Musk em 2016, quando garantiu ao mundo que a Tesla colocaria uma frota de veículos sem motoristas nas vias em 2017. "É duas vezes mais seguro que um humano, talvez melhor."


Os fatos ainda não comprovaram a tese do bilionário, agora dono e diretor do Twitter. Mas as promessas futuristas de carros autônomos continuam a ser apresentadas em todos os locais onde as empresas de tecnologia e montadoras de veículos se encontram.


Em seu livro "Autonorama: The Illusory Promise of High-Tech Driving", o historiador Peter Norton argumenta que os carros autônomos não poderão ser as “soluções de mobilidade” seguras, sustentáveis e inclusivas que as empresas de tecnologia e montadoras estão oferecendo.


Em sua visão, com base na história das tecnologias, a estratégia de vendas do futuro autônomo está apenas servindo para distrair a sociedade e retardar os investimentos em melhores formas de mobilidade, que poderiam ser realizadas desde já, de maneira mais econômica, segura, sustentável e inclusiva.


Norton leva o leitor a um passeio envolvente – na exposição GM Futurama a rodovias e veículos “inteligentes” – para mostrar como mais uma vez a indústria está vendendo e reiterando a dependência do carro sob o pretexto de uma nova mobilidade. "Com carros autônomos, prometemos que a nova tecnologia resolverá os problemas que a dependência do carro nos deu - zero acidentes! emissões zero! congestionamento zero!"

 


Vídeo mostra a maquete Futurama, realizada pela GM na Exposição Mundial de 1939, em Nova York

 

Mas essas são as mesmas promessas que nos mantiveram na esteira da dependência do automóvel pelos últimos 80 anos, argumenta Peter Norton. Para ele, não podemos ver o que as empresas de tecnologia estão nos vendendo, exceto à luz da história. Mais do que sistemas inteligentes, dados e tecnologias, precisamos de sabedoria. E cita a pesquisadora Rachel Carson (considerada uma das primeiras ambientalistas), que já alertava para o risco de piorar os problemas quando se buscam soluções tecnológicas em vez de equilíbrio ecológico. "Com essa sabedoria, podemos atender às nossas necessidades de mobilidade com o que já temos agora", argumenta Norton.


Saiba mais e leia trechos
do livro (em inglês) no site da Amazon:
Autonorama: The Illusory Promise of High-Tech Driving Hardcover by Peter Norton (Author)


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