Este 12 de outubro de 2022, Dia das Crianças, é o primeiro após longos dois anos de confinamento social da pandemia, que subtraiu aos pequenos e pequenas o direito de sair às ruas.
Agora, essa turminha já pode voltar a celebrar seu dia ao ar livre, aproveitando praças, parques e ruas da cidade. Foram dias difíceis, por isso mesmo é importante que as crianças corram (literalmente) para recuperar o tempo perdido e fazer novas amizades no espaço público.
Na verdade, a rotina urbana já estava sendo retomada neste ano desde o início das aulas. Mas, se para uma parcela da população a normalidade significa sair com os pequenos no colo ou de mãos dadas caminhando, para outras famílias falta compreender melhor o valor dessa experiência de mobilidade na formação sensível de seus filhos.
Muitas crianças e adolescentes só conhecem o automóvel como forma de ir de casa à escola, e vice-versa. Com isso, perdem a oportunidade descobrir as simples aventuras da infância e são privados do prazer de caminhar pelo bairro em grupos, pegar um ônibus, atravessar as ruas ou mesmo ir e voltar da escola de bicicleta.
Futuro ciclista
No caso do pequeno Alex, de dois anos, é na garupa da bike do pai, o advogado João Guilherme Franco, que ele vai e volta da escolinha, todo dia. Eles moram no Jardim São Paulo, na zona norte da capital paulista, e a bicicleta é o principal meio de transporte com o qual percorrem os 5,2 km (ida e volta) que separam sua casa da escola no mesmo bairro.
O advogado contou que é ciclista de competição, mas que há quase 30 anos se desloca para qualquer parte, preferencialmente de bicicleta. Desde muito cedo João Guilherme diz que ia assim com seu pai, outro fã das magrelas, para todo lado. E diz que não tem dúvida de que o pequeno Alex também herdará o gosto pelo ciclismo. Aliás, durante a rápida entrevista na qual a bicicleta ficou estacionada na calçada, o inquieto garoto, na sua cadeirinha, quase chorava insistindo para prosseguirem o passeio. "É, ele não gosta mesmo de ficar parado... vai ser ciclista!", repetiu sorrindo o pai.
Edigleson com a pequena bike e sua família, no bairro da Luz, em São Paulo Foto: Regina Rocha
Outra cena flagrada naquela tarde da semana passada foi a do menino de sete anos, pedalando forte em uma bicicletinha, pelas largas calçadas da Avenida Tiradentes, no paulistano bairro da Luz. Edigleson (na foto acima, de bike) puxava a família, que vinha a pé no seu encalço: seu irmão Cristian Fernando, a mãe Gisele e o pai Ediberto. Eles são naturais de Santa Cruz, na Bolívia, e naquele dia estavam indo fazer a matrícula dos dois filhos no primeiro ano da escola Prudente de Morais, ali perto. Receptivos e alegres, toparam conversar com o Mobilize. Os pais contam que também usam a bicicletas para se deslocar no dia a dia. E o pequeno Cristian não deixa por menos: "Sim, vamos sempre pedalar nos parques: no Ibirapuera, na Luz... é muito legal! Ah, e essa bicicleta aí é minha, viu?", fez questão de esclarecer.
Próximo dali, o menino de origem coreana Gabriel Kim acabava de desembarcar na estação Tiradentes do metrô para encontrar o pai, que o esperava para seguirem de carro para casa, na zona sul. Gabriel contou que usa o metrô todo dia para ir até o colégio Objetivo, na Vergueiro, onde cursa o 6º ano. Explicou que normalmente segue acompanhado da irmã, mas ela naquele dia tinha faltado à aula. "Gosto de andar de metrô sim, mas prefiro quando o trem vai mais vazio... Do jeito que veio hoje, lotado, fico apertado num canto e acho ruim", reclamou o menino.
Crianças nas vozes do metrô
Nesta Semana da Criança, quem circula pelos trens e estações do Metrô de São Paulo está ouvindo as mensagens de áudio tradicionais com locução de vozes infantis. O projeto da companhia reuniu áudios gravados por filhos de funcionários, que anunciam as próximas estações ou fazem advertências de segurança. É bastante surpreendente para os passageiros.
Aqui um pequeno exemplo, quando os trens se aproximam da Estação Sé...
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