O boletim ClimaInfo destacou hoje (29) o problema do envelhecimento da frota automotiva brasileira e suas consequências para o cumprimento de metas ambientais do país.
Segundo a nota, enquanto os maiores mercados automobilísticos do mundo correm para impulsionar o uso e a circulação de veículos elétricos, como forma de diminuir o impacto climático do transporte motorizado, no Brasil essa transição caminha a passos de tartaruga. Ao contrário, além dessa lentidão na troca de motores, a idade média da frota que roda pelas ruas e estradas do país está aumentando.
Em matéria publicada no jornal O Globo, a jornalista Cleide Carvalho trouxe dados do Sindipeças que indicam um aumento de dois anos e onze meses na idade dos veículos em circulação. Em 2021, os veículos tinham, em média, dez anos e cinco meses. Segundo a matéria, no estado de São Paulo, onde está registrada quase um terço da frota nacional, a idade média dos veículos aumentou quatro anos entre dezembro de 2015 e junho de 2022; para os automóveis de passeio, a média é de 18,7 anos; caminhões, 22,5 anos; e ônibus, 16 anos.
Inspeção veicular
Um dos pontos fracos do caso brasileiro é a fiscalização. Além de regras antiquadas, não existe restrição para a circulação de veículos mais poluentes - que são, em geral, os mais antigos. “A inspeção veicular é fundamental para reduzir as emissões de poluentes pelos veículos”, disse Marcelo Bales, da Cetesb.
“Não ter inspeção é quase um vexame brasileiro. Os sistemas de controle precisam de funcionamento pleno para que os proprietários façam a manutenção adequada e o investimento em tecnologia, que foi embutido no preço do carro, não se perca”, completou o especialista da companhia de engenharia ambiental paulista.
Preços altos
Outro ponto problemático está na oferta de veículos menos poluentes no Brasil, especialmente modelos mais modernos, como os elétricos. Mesmo com a atenção maior dos consumidores, o valor médio dos carros elétricos à venda no país é bastante salgado: como assinalado em matéria da Folha de S.Paulo, o modelo elétrico mais barato está saindo por R$ 147 mil, sem luxos como ar-condicionado e partida por botão. E falta também a infraestrutura para recarga dos veículos, o que diminui sua atratividade para os consumidores, mesmo entre aqueles mais endinheirados.
Ônibus elétricos
Ante essas dificuldades, um caminho mais seguro e racional seria acelerar a transição elétrica dos ônibus que hoje fazem o transporte coletivo nas cidades, processo que depende das empresas operadoras, mas sobretudo de decisões governamentais. O país tem alguns fabricantes desses ônibus, alguns com tecnologia e produção inteiramente nacionais, como os veículos da Eletra. Mas, conforme a plataforma E-Bus Radar, o Brasil conta apenas com 371 ônibus elétricos em circulação, a maioria (302) trólebus que operam no Estado de São Paulo. Para comparação, o Chile já conta com 849 coletivos elétricos, e a Colômbia conta com 1589 desses veículos.
Ônibus nacional fabricado pela Eletra: operação com baterias que são carregadas ao final de cada viagem Foto: Eletra
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