Zonas pobres de Lisboa têm menos acesso a ciclovias, aponta estudo

Pesquisa da Universidade de Coimbra alerta para desigualdades sociais na expansão das infraestruturas cicláveis na capital portuguesa. E no Brasil?

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Fonte: Away/ Mobilize (edição)  |  Autor: Away  |  Postado em: 23 de agosto de 2022

Ciclovia na Av. de Paris, perto da Almirante Reis,

Ciclovia na Av. de Paris, perto da Almirante Reis, em Lisboa

créditos: Câmara Mun. de Lisboa

Um estudo da Universidade de Coimbra concluiu que as zonas mais pobres em Lisboa têm menos acesso a ciclovias e ao sistema de bicicletas compartilhadas da Gira do que as áreas mais ricas da capital. [No final da matéria, veja como esse assunto é tratado no Brasil] 

 

O trabalho permitiu cruzar dados relativos à distribuição geográfica das ciclovias e estações de bicicletas com um indicador de vulnerabilidade social. Na capital portuguesa, o sistema de bicicletas compartilhadas Gira é gerenciado pela Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (Emel).

 

Coordenado pelo pesquisador Miguel Padeiro, do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território, o estudo conclui que, até o momento, o desenvolvimento do sistema de bicicletas públicas e da rede de ciclovias ocorreu de forma desigual: em áreas onde o índice de vulnerabilidade social é mais alto esse acesso a ciclovias é pior do que nas áreas mais ricas da cidade. 

 

O cientista social declarou à Agência Lusa que o desenvolvimento e a ampliação destas redes pouco fizeram “para diminuir as desigualdades pré-existentes”, podendo, na sua opinião, inclusive reforçá-las.

 

Em Portugal, no Chile, EUA, Colômbia...

O levantamento vai ao encontro de conclusões de investigações semelhantes realizadas em outros países - como Chile, Estados Unidos e Colômbia - e alerta para a importância de se expandir as infraestruturas cicláveis não apenas em Lisboa, mas no resto do país. 

 

Lisboa Ciclável, programa de expansão de ciclovias em Portugal . Foto: Câmara Mun. de Lisboa 

 

“É importante que este município [Lisboa] e outros tomem medidas no sentido de expandir as redes de ciclovias e de bicicletas partilhadas, e que essa expansão se faça de um modo mais justo, com maior cobertura territorial e com uma perspetiva mais social”, conclui Miguel Padeiro.

 

Observação do Mobilize

No Brasil não é diferente... Por aqui, vários estudos acadêmicos e de cicloativistas têm abordado também as desigualdades - sociais, de gênero, e outras - na distribuição da estrutura cicloviária em cidades brasileiras. 

 

Para citar apenas dois trabalhos: "A bicicleta e as mulheres: mobilidade ativa, gênero e desigualdades socioterritoriais em São Paulo", de Marina Harkot (2018) 

 

E o CicloMapa (UCB e ITDP), ferramenta que permite checar a presença, e falta, das infraestruturas cicloviárias nas cidades brasileiras.

 

A partir deste CicloMapa, desenvolvido em 2020, a conclusão é que somente 13% da população com renda mensal abaixo de um salário mínimo mora próximo a essa infraestrutura, enquanto 30% dos moradores com renda acima de três salários mínimos estão a 300 m de uma rota segura para ciclistas.

 

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