O secretário de Transportes de Londres, Grant Shapps, defendeu publicamente uma série de medidas para controlar a circulação das bicicletas na capital britânica. Explica-se: alguns ciclistas insistem em acelerar forte na área central da cidade, onde a velocidade do trânsito está limitada a 20 milhas por hora (32 km/h). Além disso, segundo as autoridades, o desrespeito à legislação coloca em risco todo o trânsito, e especialmente os pedestres.
As declarações de Shapps, ontem (16), em Londres, indicam a necessidade de rever as normas de trânsito para tornar obrigatória a colocação de placas de identificação dos ciclistas e suas bicicletas. Em entrevista ao jornal Daily Mail, o secretário declarou que não quer desencorajar o ciclismo, mas que também não pode “fechar os olhos" para ciclistas que passam perigosamente em semáforos vermelhos e “escapam” da fiscalização.
O secretário também defende uma mudança nas leis, para que os ciclistas que eventualmente atropelem pedestres sofram as mesmas penalidade que os motoristas. Hoje, pelas leis britânicas, em caso de atropelamento e morte de um pedestre por um ciclista, a pena de prisão é de dois anos, contra quatro anos, no caso de o acidente ter sido provocado por um motorista.
A notícia ganhou destaque porque nos últimos meses houve um incremento maciço no uso urbano de bicicletas em todo o Reino Unido, em parte por conta do aumento nos preços dos combustíveis. Nos últimos cinco meses, houve um aumento de 47% na circulação de bicicletas durante a semana em comparação com o mesmo período de 2021, e um aumento de 27% nos finais de semana.
Por outro lado, Grant Shapps não fez qualquer referência à construção de mais ciclovias, "o que realmente tornaria o uso da bicicleta mais seguro e agradável", comentou a jornalista India Lawrence, em artigo no Time Out. Em 2019, o prefeito Sadiq Khan anunciou um plano ambicioso para transformar Londres na grande cidade mais ciclável do mundo.
No Brasil
A polêmica de Londres pode ser estendida à maioria das grandes cidades brasileiras, já que o uso de bicicletas também se intensificou fortemente nos últimos anos no país, especialmente para as entregas de comida e de outros itens, mas também para o transporte individual.
Há, de fato, algumas pessoas que usam suas bikes de forma agressiva, circulando na contra-mão, com olhos nos celulares e passando reto pelos sinais vermelhos. Mas, infelizmente, a prática de "furar sinais" se tornou comum também entre alguns motociclistas e até entre motoristas, que passam impunemente por câmeras e "policiais-postes".
Cabe lembrar, também, o incremento na venda de bicicletas elétricas, algumas delas bem potentes, que permitem velocidades bem acima dos 25 km/h recomendados pelas normas internacionais.
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