Aeroporto fechado em Berlim dará lugar a um bairro sem carros

Projeto Tegel está sendo pensado para pessoas, e prevê uso coletivo dos espaços e prioridade ao transporte público, ciclovias, calçadas e áreas verdes

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Fonte: Fast Company/ Mobilize (trad./edição)  |  Autor: Adele Peters/ Fast Company  |  Postado em: 20 de julho de 2022

Imagem de projeto do que virá a ser o bairro Schum

Imagem de projeto do que virá a ser o bairro Schumacher

créditos: ©Tegel Projekt GmbH

No ano passado, o aeroporto de Berlim-Tegel foi fechado, e em seu lugar foi aberto o aeroporto internacional de Berlim e Brandemburgo em Berlim-Schönefeld (BER). Mas não demorou muito para que os berlinenses vislumbrassem um uso para a grande área vazia que ali restou. 

 

O local agora está sendo preparado para ser transformado em um novo bairro residencial, chamado Schumacher, e também em um parque industrial e de pesquisa para tecnologias urbanas, denominado Berlin TXL - The Urban Tech Republic. Em comum ao projeto, todos os prédios do futuro bairro deverão ser construídos de modo a priorizar o uso dos espaços públicos. 

 

O bairro Schumacher deverá ter cinco mil apartamentos, com cerca de dez mil moradores, além de escolas, creches, habitações estudantis, cooperativas e comércios. No local, tudo está sendo projetado com ênfase em quesitos como eficiência energética, construção sustentável, mobilidade compatível com o meio ambiente, reciclagem, controle de sistemas em rede, água limpa e uso de novos materiais. 

 

Já no parque industrial Urban Tech Republic, estima-se que serão instaladas mil empresas, com capacidade para empregar 20 mil funcionários para desempenharem pesquisa, desenvolvimento e produção. 

 

A previsão é que as primeiras edificações - que incluem as habitações sociais e as de estudantes, além das cooperativas do conjunto - estejam concluídas até 2027.

 

Imagem renderizada permite uma vista geral do projeto. ©Tegel Projekt GmbH 

 

Pessoas em primeiro lugar

Um dos diferenciais do projeto é que prioriza o deslocamento de pessoas, e não dos carros. O bairro está sendo planejado para que seja seguro, eficiente e agradável para caminhar por suas ruas e praças.

 

O assessor de imprensa do projeto Tegel, Constanze Döll, explicou ao jornal Fast Company: “Queremos permitir que as pessoas redescubram o espaço público - para convivência em parques e em lugares onde possam relaxar e conversar. Locais importantes do bairro, como creche, escola, padaria, supermercado, poderão ser facilmente acessados a pé.”

 

Ciclovias

O projeto prevê ainda amplas ciclovias desenhadas em meio a espaços verdes. Nas áreas limítrofes do bairro, haverá acesso à micromobilidade e ao transporte público existente. Já no caso dos automóveis, o acesso ao bairro será limitado por exemplo a pessoas com deficiência e casos excepcionais. Além destes moradores, que poderão se encaminhar de carro às suas residências, nenhum outro veículo motorizado individual será permitido.

 

Imagem mostra os espaços de uso comum no miolo dos conjuntos habitacionais. ©Tegel Projekt GmbH

 

Sustentabilidade

Constanze Döll explicou que as edificações do bairro serão construídas em madeira extraída de florestas plantadas localmente, para permitir o armazenamento de CO² a longo prazo e reduzir o consumo de materiais prejudiciais ao meio ambiente, como o concreto, afirmou. 

 

O projeto Tegel ainda conta com eficiência energética e energia renovável gerada em usinas geotérmicas e solares locais. Diferente do que ocorre nas grandes cidades, onde o uso de concreto gera permeabilização do solo e aumenta o efeito de ilhas de calor, o bairro deverá permitir a alta permeabilidade, com jardins e telhados verdes. 

 

Desenvolvido pelo ecologista Wolfgang Weisser e pelo arquiteto paisagista Thomas Hauck, o projeto quer incorporar a biodiversidade, com processo de reintrodução da vida animal no ambiente urbano. Assim, espaços abertos também poderão abrigar espécies ecologicamente importantes, como morcegos e gafanhotos.

 

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