Buenos Aires é a maior cidade e a capital da Argentina, com uma população que gira em torno de 13 milhões de habitantes, segundo o último censo de 2010. Além de atrair milhares de turistas que buscam sua rica cultura e belezas naturais, a cidade também é bem servida de mobilidade urbana, já que conta com diferentes modalidades de locomoção.
Os limites naturais da cidade são os rios da Prata (Rio de la Plata) e o Riachuelo, que favoreceram o transporte hidroviário. Buenos Aires investiu ainda em uma extensa rede ferroviária, ruas planejadas e amplas, calçadas acessíveis, linhas exclusivas de ônibus, metrô, e tem investido no crescimento de ciclovias.
Caminhabilidade
Por seu planejamento urbano e arquitetônico, Buenos Aires convida seus moradores e turistas a caminhar. Com calçadas generosas, a maioria em perfeitas condições, a mobilidade a pé é de dar inveja. Tanto nos bairros como no centro, há rampas de acesso duplo em todas as calçadas. Isto propicia a acessibilidade e garante segurança.
Calçadas largas e desobstruídas: marca da capital argentina. Foto: Paula Monteiro
Mas, falando em segurança, aqui há o ponto negativo para quem anda. Porque é preciso muito cuidado ao atravessar suas largas avenidas; esse simples ato requer toda a atenção, e a sensação é que por lá os pedestres não são prioridade.
Exemplo: se o farol abrir para os motoristas e você ainda estiver atravessando, mesmo que na faixa, levará buzinada, xingo e terá que desviar do carro, que será jogado bem perto do seu corpo. Assim, a recomendação é: ao cruzar as esquinas, certifique-se de que não venha nenhum veículo, pois os motoristas portenhos não param para o pedestre, mesmo que este esteja atravessando pela faixa.
Outro perigo ao caminhar - não tão grave como o anterior, mas muito frequente - são os dejetos dos cachorros. São muitos cães que passeiam pelas calçadas de Buenos Aires e seus donos não têm o costume de recolher as fezes do animal. Se você não prestar atenção, certamente irá pisar em algo não muito agradável.
Táxi x Uber x Cabify
Os táxis estão por toda a parte, e são mais populares do que os carros por aplicativo. A própria cidade de Buenos Aires criou um app do governo para solicitar corridas de táxis, mas eles são tantos, que facilmente são encontrados pelas ruas. As corridas são baratas – cerca de R$ 2,00 o quilômetro rodado - mas são "cheias de emoção".
Os argentinos são muito amáveis, mas quando o assunto é direção, eles parecem perder fácil a paciência. É comum ver brigas de trânsito, xingamentos, buzinadas e alta velocidade. Para conseguir aumentar a renda, os taxistas buscam fazer mais corridas em menor espaço de tempo, e para isso extrapolam os limites de velocidade estabelecidos. É comum o taxista, mesmo avistando passageiros com malas ou carrinhos de bebê, ignorar estes clientes - e seguir em frente, até achar outra corrida que seja mais do seu agrado.
Veículo guinchado: cena comum em Buenos Aires. Foto: Paula Monteiro
Tolerância zero
Impossível andar por Buenos Aires e não ver um veículo sendo guinchado. A tolerância é zero para aqueles que estacionam em locais proibidos ou destinados à acessibilidade. É tudo muito rápido. O guincho passa, vê a irregularidade e em menos e um minuto já levou o veículo. Nada de jeitinho ou conversa. Portanto, se for dirigir por lá, siga as regras de trânsito com muita atenção.
Ônibus
Os corredores de ônibus urbanos realmente funcionam em Buenos Aires, e a sua expansão está em andamento. O planejamento leva essa infraestrutura até os bairros, a exemplo do corredor previsto para chegar em La Boca, o bairro portenho que abriga o famoso Caminito. À primeira vista, os ônibus parecem antigos, mas é somente o layout adotado; por dentro são espaçosos, novos, com sistema de wi-fi e notícias.
Ecobici, sistema de bikes compartilhadas operado pela Tembici. Foto: Paula Monteiro
Bikes
As bicicletas públicas compartilhadas estão por todo lado. Nos bairros, no Centro, próximas às estações do metrô e dos terminais de ônibus. O sistema Ecobici, operado pela Tembici com tecnologia da canadense PBSC Urban Solutions, também na capital argentina tem o patrocínio do banco Itaú.
Além disso, as ciclovias contam com um programa de expansão em andamento na cidade. É comum trabalhadores fazerem a integração da bicicleta com os demais modos, principalmente o metrô. Para quem curte pedalar e quer conhecer assim os principais pontos turísticos de Buenos Aires, há agências que oferecem um tour pela cidade a bordo da magrela. Eu recomendo, é uma experiência e tanto.
Barcos
Para os turistas, um passeio muito agradável é a viagem de barco entre Buenos Aires, na Argentina, e Colônia do Sacramento, no Uruguai. A estrutura de embarque é parecida com a de um aeroporto, e o barco é muito confortável, com poltronas e até um free shop a bordo.
A travessia dura 1h10, e o trajeto é encantador. Vale a pena encarar a aventura, apesar do custo ser um pouco "salgado". As passagens de ida e volta começam em R$ 240 e podem chegar a R$ 600, dependendo do dia em que se viaja. Uma dica é comprar com antecedência e em horários não tão disputados.
Seja para visitar, trabalhar, ou morar, a Cidade Autônoma de Buenos Aires proporciona grandes experiências. No tocante à mobilidade urbana e integração de modais, muitas práticas adotadas lá poderiam servir de inspiração e ser facilmente implantadas no Brasil. Já outras, como na área da educação no trânsito, somos nós que temos muito a ensinar aos nossos vizinhos.
E vale repetir: o mais fascinante na capital argentina é que o visitante tem à sua disposição inúmeros meios de locomoção - ele pode optar por ir a pé, de carro, barco, navio, trem, scooter, bike, metrô, ônibus...
Para ver todas as fotos, clique aqui, na galeria do Mobilize.
Leia também:
Buenos Aires expande sua rede cicloviária a grandes avenidas
Como Buenos Aires está renovando sua mobilidade urbana
Argentina e Bolívia discutem a industrialização do lítio na região
Tembici recebe investimento de US$ 47 milhões
Linha de trens metropolitanos de Buenos Aires é modernizada
Metrô de Buenos Aires inaugura extensão de linha este mês