Em Brasília, ciclovias sofrem o "efeito tostines"

Neste artigo, Uirá Lourenço lembra o dilema colocado pela propaganda dos anos 1980, e se pergunta sobre o que vem primeiro: a falta de ciclistas ou ciclovias ruins no DF

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Fonte: Brasília Para Pessoas*  |  Autor: Uirá Lourenço/ Mobilize Brasil  |  Postado em: 07 de julho de 2022

Placa fecha a ciclovia: ciclista enfrenta obstácul

Placa fecha a ciclovia: ciclista enfrenta obstáculos no DF

créditos: Uirá Lourenço

Ao pedalar pela cidade e enfrentar velhos problemas, me pergunto: A quantidade de ciclistas é baixa em razão dos obstáculos no caminho ou os obstáculos existem porque o número de pessoas que pedalam é baixo?

 

Os mais novos não devem se lembrar da propaganda do biscoito, que ficou conhecida na época. O anúncio produzido na década de 1980 perguntava: “Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?”.

 

Um dos principais problemas enfrentados pelos ciclistas na capital federal é a falta de continuidade no caminho. A ciclovia acaba de repente. No meu trajeto diário pela Asa Norte, a ciclovia desaparece em alguns trechos e é preciso paciência e atenção para atravessar os carros estacionados ou em circulação.  

 

Percurso tortuoso: ciclovia descontínua e muitos carros no caminho. Todas as fotos deste artigo são de autoria de: Uirá Lourenço

 

Ao longo do caminho existem muitas escolas e creches, além de um grande centro universitário. Mas o movimento de ciclistas é baixo. Na ciclovia vejo muito mais pessoas caminhando e correndo do que pedalando. Fico imaginando uma mãe que resolva testar ir de bicicleta com o filho até a escola (em vez de usar o carro). Diante dos obstáculos, não tenho certeza se ela repetirá o trajeto pedalando outras vezes.

 

Falta de manutenção e de iluminação é outro obstáculo. Existem pontos esburacados na ciclovia, especialmente próximo aos cruzamentos, que podem causar quedas e ferimentos. À noite o risco aumenta porque o caminho vira um breu. Pelo visto, as autoridades pensam que ciclista só se desloca de dia. 

 


Ciclovia totalmente escura na W4 Norte

 

Costumo registrar na ouvidoria do Governo do Distrito Federal os obstáculos que enfrento e deixo sugestões de melhorias. Mas dificilmente as devidas providências são tomadas. Uma das solicitações recentes – para consertar semáforo em frente a uma escola – levou um mês para ser atendida e nesse período o risco na travessia era grande. O pedido para reforma do piso e reforço na sinalização ao longo da ciclovia continua sem resposta efetiva, apesar das reiteradas solicitações. 

 

Cena comum: ciclovias com piso danificado 

 

Em todo o Distrito Federal existem 633 km de ciclovias e ciclofaixas, segundo a Secretaria de Mobilidade, o que coloca o DF no topo do ranking cicloviário no país, atrás apenas de São Paulo em quilometragem de vias para ciclistas. O grande desafio é atrair mais pessoas para a bicicleta, tornar a cidade mais acolhedora para os ciclistas.

 

Dados recentes mostram que o carro é o meio de transporte mais utilizado na área central mesmo em distâncias curtas. Segundo a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD/2021), realizada pela Codeplan, no Distrito Federal 52,5% usam o automóvel para ir ao local de trabalho. Em bairros como o Sudoeste e Noroeste, o automóvel é utilizado no deslocamento para o trabalho por 89% e 96% dos moradores, respectivamente.

 

Que outros fatores interferem no uso da bicicleta como meio de transporte? Por que ainda temos, em geral, pouco movimento nas ciclovias? Deixe sua opinião nos comentários  ; )

 

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*O blog Brasília Para Pessoas tem seção própria com vários registros na ouvidoria do Governo do Distrito Federal (GDF), feitos por pessoas que caminham e pedalam pela cidade. Veja em brasiliaparapessoas.wordpress.com/solicitacoes-de-informacoes-e-sic/2022-2/

 

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Comentários

Raphael - 11 de Novembro de 2022 às 05:41 Positivo 0 Negativo 0

Falta de continuidade do caminho interligando um bairro a outro. As maiorias das ciclovias são pensandas como forma de Lazer e não como alterntiva de mobilidade Urbana. Algumas vezes da semana vou ao trabalho de bike e é bastante perigoso.

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