Publicamos anteriormente um artigo diagnosticando o sistema de trólebus da cidade de São Paulo, como forma de tornar seus dados transparentes e públicos, refutando algumas falácias que são divulgadas e repetidas exaustivamente por aí.
Mas, como se sabe, trólebus também circulam em algumas cidades da Região Metropolitana de São Paulo, sobretudo no ABC Paulista, no conhecidíssimo Corredor Metropolitano do ABD, atendendo a cidades como Santo André, São Bernardo, Mauá, Diadema, além da capital, onde faz conexão com o metrô.
Pensando nisso, resolvemos fazer o mesmo diagnóstico do sistema metropolitano, que poderia, inclusive, ser usado como um comparativo em relação aos trólebus paulistanos, obviamente com suas diferenças. Sendo assim, enviamos algumas perguntas para a Empresa Metropolitana de Transporte Urbano (EMTU) solicitando informações sobre esse sistema. Vejam a seguir o que nos foi passado:
Frota
A frota atual é composta de 96 veículos, que circulam pelo corredor ligando São Paulo ao ABC. A frota é particular e pertence à empresa Next Mobilidade. Segundo a EMTU, a vida útil dos trólebus é de 30 anos, independentemente do modelo.
Tarifa
O valor da tarifa paga por passageiro transportado é de R$ 5,10 e, de acordo com a resposta, não existe diferença na remuneração por conta do tipo de tecnologia.
Consumo médio/km de energia elétrica
- Trólebus de 23 metros com ar-condicionado = 3,5 kWh/km (quilowat hora por quilômetro);
- Trólebus de 18 metros com ar-condicionado = 2,4 kWh/km;
- Trólebus de 15 metros com ar-condicionado = 2,4 kWh/km; e
- Trólebus Padron 12 m sem ar-condicionado = 1,2 kWh/km.
Custo da energia
O custo médio/km da energia elétrica consumida é de aproximadamente R$ 1,20, sem os impostos. A responsável pelo pagamento da energia elétrica é a própria operadora, no caso a concessionária Next Mobilidade.
Custo da infraestrutura
A rede de contato bifilar (que alimenta os ônibus) tem uma extensão total de 49 km. O custo estimado da infraestrutura instalada (rede aérea e subestações) é de R$ 58 milhões, preço base de 2011. Com relação à manutenção da rede aérea e subestações, o custo médio mensal é de R$ 2 milhões.
Perguntamos também sobre o valor de um trólebus básico, mas a empresa informou o custo de um veículo de 18 metros, atualmente em R$ 2,5 milhões.
Esse diagnóstico mostra que, assim como em São Paulo, o sistema trólebus tem um custo superior aos veículos movidos a diesel, mas, no médio e longo prazo torna-se tão ou até mais barato. Além disso, oferece vantagens ambientais, sonoras e de conforto.
A operação do Corredor ABD tem um grande índice de aprovação, por diversos fatores, sendo um deles o fato de ser operado por trólebus. Que isso sirva de inspiração para ser analisado em outras cidades do país.
Leia o artigo original no site Plamurb
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