A mobilidade ativa, na visão da Geração Z

Pesquisa da Questtonó Manyone ouviu jovens que usam a mobilidade ativa em seus deslocamentos cotidianos. O relatório traz algumas recomendações e aponta oportunidades

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Fonte: Questtonó Manyone  |  Autor: Marcos de Sousa/Mobilize Brasil  |  Postado em: 20 de abril de 2022

Geração Z e mobilidade ativa: um estudo

Geração Z e mobilidade ativa

créditos: Reprodução


Circular em São Paulo hoje pode ser uma experiência exaustiva. A cidade tem cerca de 12 milhões de habitantes e é o coração de uma região metropolitana com mais de 20 milhões de moradores, que desperdiçam em média 3 horas por dia no trânsito. Nesses deslocamentos, os paulistanos também enfrentam dificuldades geográficas, de infraestrutura e segurança, como os relevos acidentados e as más-condições das vias.


No entanto, existem formas de se transformar essa questão. A mobilidade ativa se torna cada vez mais uma grande aliada da população, proporcionando mais opções de destino (especialmente para trajetos curtos) e tirando o peso da responsabilidade de ter um carro.


Para compreender como a juventude lida com essa nova lógica, a agência de design Questtonó Manyone ouviu jovens da Geração Z (15 a 20 anos) das classes AB, que já estão inseridos nesse contexto e utilizam no mínimo um meio de transporte ativo para deslocamento diário. A equipe  de pesquisa foi a campo entender  sobre a relação dessa geração Z com a mobilidade em São Paulo, a fim de mapear oportunidades que favorecem  o uso da mobilidade ativa (meios de transporte que fazem uso do esforço físico, como bicicletas e patinetes).


Entre as principais motivações dessa geração para começar a usar os meios de transporte ativo, foram apontadas a oferta de caminhos seguros, como ciclovias e ciclofaixas, a consciência ambiental, a oportunidade de usufruir da liberdade que os sistemas de veículos compartilhados proporcionam e também a prática de atividade física em contato com a cidade.


Por outro lado, o estudo também encontrou barreiras para o uso desses meios de transporte. Os principais desafios são o medo de conviver com motoristas dos carros e também de ser roubado, a falta de informação sobre regras e condutas de trânsito e também sobre a infraestrutura da cidade, e para as meninas, o medo de serem assediadas.


Ainda segundo a pesquisa, apesar dessas limitações, a relação dos jovens com os modos ativos de transporte amadurece com o tempo e ganha significados mais transformadores. "A consolidação do uso acontece quando há uma sensação de que as fronteiras com a cidade foram expandidas, algo que o jovem tem orgulho de mostrar. Ele começa a construir uma identidade com potencial transformador, apoiada por uma rotina segura e momentos de reflexão e relaxamento nos trajetos", diz o texto de apresentação da pesquisa 

 

Oportunidades
A partir dos resultados desse estudo, a agência apontou cinco diretrizes para a criação de novos produtos e serviços para fomentar a mobilidade ativa:

 

1. Caminhos seguros
Já que o medo é a principal barreira para a expansão do uso de meios de transporte ativo, podemos ajudar a ampliar as rotas seguras, criando novos trajetos, proporcionando experiências de deslocamento coletivas e informando melhor as condições das vias em trajetos frequentes e novos.

 

2. Uso de vários modos de transporte
As opções de meio de transporte estão se multiplicando. Podemos incentivar a combinação desses meios, explorando o potencial de cada um nos momentos mais adequados e incentivando trajetos com transição entre modais na cidade.

 

3. Integrar as bicicletas com a cidade
A bicicleta é o meio de transporte ativo mais difundido, mas ela ainda não foi plenamente incorporada à vida na cidade. Resolvendo tensões associadas ao seu uso, podemos ampliar seu alcance. Facilitar o transporte de bicicletas (pelas ruas e nos meios de transporte) e oferecer alternativas seguras para o estacionamento em vias públicas são algumas sugestões.

 

4. Bem-estar da mobilidade
Muitas pessoas já buscam escapar da hostilidade da cidade através do uso de meios de transporte ativo. Podemos ajudá-los a encontrar essas fontes de bem-estar e inseri-las no seu cotidiano, estimulando a exploração da cidade sob a ótica do bem-estar emocional.

 

5. Oficializar a "transgressão consciente"
O uso de meios de transporte ativo ainda é uma forma transgressora de se deslocar. Podemos reconhecer e dar visibilidade a esses atores para legitimar a forma corajosa com que vivem a cidade, premiando suas atitudes  e também estimulando a reunião e criação de coletivos voltados a essa alternativa.


Veja um vídeo sobre a pesquisa:

 



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