O sistema de trólebus paulistano opera há mais de 70 anos na cidade de São Paulo. Recentemente surgiram informações de que parte da frota havia sido "baixada" e de que a linha 408A/10 – Machado de Assis/Cardoso de Almeida, uma das mais tradicionais da cidade, poderia passar a operar com ônibus a diesel ainda neste ano. A equipe do site Plamurb entrou em contato com a São Paulo Transporte (SPTrans) e a com a Ambiental Transportes Urbanos, respectivamente, gerenciadora e operadora dos trólebus, mas ambas negaram os fatos questionados, algo mais do que esperado.
De fato, os trólebus “baixados” voltaram a rodar semanas depois. Mas, fica sempre o alerta, principalmente se considerarmos o histórico: por exemplo, os trólebus que circulavam na rua Augusta, foram removidos na calada da noite.
Mas enfim, sendo favorável ao uso desse tipo de veículo, e sabendo que o poder público, vez ou outra e de tempos em tempos, “inventa” uma nova tecnologia menos poluidora como uma alternativa ao trólebus, o Plamurb coletou algumas informações importantes para dar um diagnóstico atual e entender a crise que assombra o sistema novamente. Enviamos as perguntas para a São Paulo Transporte (SPTrans) por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) e sua assessoria de imprensa, além de termos conversamos com pessoas diretamente ligadas à operação dos trólebus paulistanos. Veja a seguir um raio-x do sistema paulistano, com alguns apontamentos.
A quantidade da frota atual é de 201 veículos, dos mais variados modelos. Comparando ao auge do sistema, representa menos de 40% e considerando a frota total paulistana de ônibus, os trólebus correspondem a 1,5%.
Mais ainda: o valor de compra de um trólebus tipo Padron é estimado em R$ 972.151,00. A título de curiosidade, um ônibus a diesel Padron na mesma configuração está custando cerca de R$ 500.000. Ou seja, o trólebus custa o dobro, mas tem uma vida útil bem maior. Segundo o manual dos padrões técnicos da SPTrans, a vida útil desse tipo de veículo é de 15 anos, mas é sabido que, com uma manutenção adequada, eles podem chegar a 25 anos, inclusive com a troca de carroceria e alguns componentes.
Trólebus Grassi-Villares de 1961, primeiro modelo de trólebus fabricado no Brasil, que circulou até os anos 1980 Foto: Jorge Françozo de Moraes
Uma surpresa, negativa, diga-se de passagem, trata da propriedade da frota atual. Segundo a SPTrans, os trólebus integram uma frota pública. O valor do aluguel pago pela operadora é de R$ 2.114.758,90. Obviamente isso desestimula qualquer empresa a ter interesse em operar esse tipo de veículo. Para o Plamurb, deveria ser o inverso, ou seja, a prefeitura que deveria dar incentivos para que as operadoras pudessem operar trólebus na cidade, aumentando a participação da tecnologia, sobretudo nos corredores exclusivos. Bola fora do poder público. Vale lembrar que esses desestímulos impactam não só os trólebus, como também toda tecnologia menos poluidora. Basta lembrar dos ônibus a biodiesel, híbridos e a etanol que já rodaram em São Paulo.
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