Transporte público de Teresina está em greve... mais uma vez

Com salários congelados desde 2019 e direitos cortados, trabalhadores do transporte coletivo na capital do Piauí entram no quarto dia de greve. População sofre nos pontos

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Mobilize Brasil  |  Postado em: 24 de março de 2022

Longa espera nos pontos de ônibus no centro de Ter

Longa espera nos pontos de ônibus no centro de Teresina

créditos: Layza Mourão/G1

Motoristas e cobradores dos ônibus urbanos de Teresina estão em greve salarial desde a segunda-feira passada (21). Ontem, uma reunião no Tribunal Regional do Trabalho colocou frente à frente os representantes dos dois sindicatos do setor - de empresários (Setut) e dos trabalhadores (Sintetro) -, para tentar um acordo. Que afinal não aconteceu.

 

Já a Prefeitura da capital piauiense não participou do encontro no TRT, e vem sendo acusada por setores da sociedade de omissão frente à crise do transporte público, que se arrasta desde antes da pandemia. 

 

O presidente do Sintetro, Antônio Cardoso, reiterou que as reivindicações da categoria são justas, conforme já considerou o Ministério Público em outras ocasiões. Cardoso afirmou que os salários dos trabalhadores do setor estão congelados desde 2019, e que em 2020 os trabalhadores ficaram sem ticket alimentação e plano de saúde, além de enfrentarem demissões em massa.

 

Impasse

Também nesta quarta-feira (23), os deputados estaduais, reunidos em sessão na Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi), cobraram da Prefeitura e do Ministério Público e do Trabalho uma solução para a paralisação do transporte público da capital. Foi apresentado pelo deputado Franzé Silva (PT) um requerimento para que o MP se manifeste. Durante a sessão, Silva declarou: 

 

"O Ministério Público precisa entrar em cena e ajudar a resolver esse impasse. Enquanto isso a população está sofrendo. Por onde passamos nessa cidade podemos ver paradas de ônibus lotadas com mulheres grávidas, crianças e trabalhadores massacrados por esse sistema. Precisamos que o Prefeito tenha coragem para decretar situação de emergência no transporte público, contrate empresas de fora até que tudo isso seja resolvido com as empresas locais”, disse Silva.

 

Outra solução, de médio e longo prazo, foi cobrada pelos parlamentares: um maior investimento do governo do estado na expansão do metrô de Teresina para todas as regiões da capital.

 

Crise sem fim 

Há pelo menos três anos que a crise no transporte coletivo da capital do Piauí se arrasta, e prejudica principalmente os teresinenses nos deslocamentos do seu dia a dia. No ano passado, o arquiteto Luan Rusvell escreveu um artigo para o Mobilize no qual expôs um panorama do problema: "Ao longo deste período, somaram-se oito greves e inúmeras paralisações dos trabalhadores do sistema [...], e um eterno toma lá dá cá entre empresários e Prefeitura Municipal sem nenhuma resolutividade prática. Atualmente os trabalhadores estão em mobilização em uma nova greve que já dura 23 dias", destacava o texto naquele período. 

 

Em agosto de 2021, a Câmara Municipal concluiu o relatório da CPI do transporte público de Teresina. Os vereadores esclareceram uma série de irregularidades na gestão dos coletivos da cidade, incluindo crimes cometidos tanto pela Prefeitura quanto pelas empresas concessionárias dos ônibus. Veio à luz então um esquema de corrupção no setor, que acabou sendo fortalecido com o edital de concessão do transporte público de 2016, em que as mesmas empresas que já operavam na cidade foram mantidas. A conclusão é que de fato não houve uma concorrência pública.

 

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