Ruas mais seguras, convivência harmônica, multimodalidade e redução da velocidade nas vias urbanas.
São estes os desafios ao trânsito das cidades para a próxima década destacados nesta quarta-feira (23) pela superintendente de Trânsito de Curitiba, Rosangela Battistella, em apresentação realizada durante a 19ª edição do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana, sediada na capital paranaense.
O Fórum faz parte da programação do Smart City Expo 2022, em Curitiba, e reuniu 86 gestores de 27 cidades e estados das cinco regiões do país, com o objetivo de debater ideias e ouvir as demandas dos municípios para diminuir o número de vítimas no trânsito.
Exemplo internacional
Entre as iniciativas que mereceram destaque esteve a do município espanhol de Pontevedra. O prefeito da cidade europeia, Juan Gonzales Peres, contou como a cidade reduziu a velocidade dos veículos para 30 km/h em todas as vias. A ação zerou as mortes no município espanhol e diminuiu em 70% os acidentes. Além disso, conseguiu diminuir em 70% as emissões de CO2 na atmosfera. Por lá, as crianças vão para escola à pé e a cidade ficou mais viva com pessoas nas ruas em convivência.
A velocidade, quando abusiva, é o maior promotor de risco, observou o professor do Departamento de Mobilidade da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Tiago Bastos, embasado em pesquisas técnicas comprovadas. O acadêmico também chamou a atenção para o fato de que as ações de engenharia de tráfego, planejamento, gestão e controle do trânsito são determinantes para a diminuição das mortes.
O fórum desta quarta-feira teve ainda a palestra de Bruno Rizzon, analista pleno de Mobilidade Ativa do WRI Brasil, instituto de pesquisa que promove ações de sustentabilidade urbana. Rizzon mostrou como é importante o novo conceito de vias compartilhadas, dentro do qual todos os modos - carro, pedestre e ciclista - dividem o espaço e melhoram a segurança das vias.
Plano nacional
O secretário nacional de Trânsito, Frederico de Moura Carneiro, que dirigiu o evento, explicou que o Fórum tem a representação de integrantes de estados, municípios e de órgãos responsáveis pela mobilidade urbana, que nessa ocasião apresentam as soluções desenvolvidas em suas bases de atuação.
Representantes do governo federal, presentes ao evento, apresentaram metas e objetivos do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans).
Para viabilizar ações que tragam um retorno positivo à sociedade, foram criados seis grupos de trabalho reunindo especialistas de órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito (Senatran, Detrans, órgãos municipais de trânsito, Cetrans, DNIT, DER, PRF, Polícia Militar e ANTT), bem como representantes de universidades, organizações sociais, entidades do setor produtivo e corpo de bombeiros militar. A medida visa, ainda, alinhar o Pnatrans à nova Década de Ações para a Segurança no Trânsito promovida pela ONU.
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