No dia 10 de março, durante o turno da madrugada, um agente de manutenção da concessionária Via Mobilidade recebeu uma descarga elétrica quando fazia reparos em uma cabine primária de energia do sistema. O funcionário, um haitiano de 36 anos morreu. Também na manhã desse mesmo dia, um trem da Linha 8-Diamante da CPTM perdeu o freio e bateu na mureta de contenção da estação Júlio Prestes, danificando a plataforma e deixando duas pessoas feridas.
Dois dias antes, em 8 de março, trens da Linha 9-Esmeralda, também operados pela ViaMobilidade, circularam com velocidade reduzida e intervalos maiores entre as estações Autódromo e Jurubatuba, para grande transtorno dos passageiros. Agora, a promotoria de Justiça do Consumidor apura a situação ocorrida nas linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda.
Acidentes e fatalidades como esses levantam suspeitas sobre como vem sendo feita a transição do serviço pela concessionária, que assumiu o controle da linha há pouco mais de um mês. A transferência da linha, antes operada pela CPTM, à iniciativa privada, foi concluída em 27 de janeiro de 2022, mediante um contrato de parceria público privada com o governo do estado. E, segundo levantamento realizado pela TV Globo, os trens das linhas 8 e 9, operados pela Via Mobilidade, tiveram 24 falhas em 42 dias de operação - ou seja, uma falha a cada dois dias -, número maior do que em todo o ano passado.
Críticas à "privatização"
O Sindicato dos Metroviários e Metroviárias de São Paulo (Sintaema) denunciou hoje (15) em nota no site da entidade o que os trabalhadores entendem ser um desmonte liderado pelo governo do estado de São Paulo, com "impacto nefasto para a população, causado pelo avanço da privatização", diz a nota.
No texto, o Sintaema manifesta ainda a solidariedade da entidade aos familiares e companheiros de trabalho do funcionário da ViaMobilidade. “A privatização faz mais uma vítima fatal”, diz a nota. Os metroviários também informaram que irão “cobrar a investigação, apuração e a responsabilidade por esse lamentável acidente, que não pode passar impune”.
“Acidentes e fatalidades como essas nos alertam ainda mais sobre o problema da privatização, no qual o serviço é precarizado, o trabalhador é explorado e nenhuma medida é tomada para sanar os acontecimentos”, denunciou o Sindicato.
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