O Observatório da Mobilidade de Salvador publicou ontem (7) este artigo de Alessandra Almeida e Aline Prado, que explica, de forma clara, porque as mulheres devem ter o direito de ingressar ou sair do transporte público nos locais mais próximos de suas casas, especialmente no período noturno. Pela importância do tema, reproduzimos parte do texto, que pode ser lido integralmente no site do observatório soteropolitano.
"No dia 10 de dezembro de 2021, a Prefeitura Municipal de Salvador, por meio da Secretaria da Mobilidade e através do Ofício 0255/2021-Copro, garantiu às mulheres o direito de solicitar o embarque ou desembarque fora dos pontos de paradas previamente cadastrado nos itinerários, no período entre 21h e 5h da manhã do dia seguinte.
Mas é preciso lembrar que anteriormente, em 30 de novembro de 2021, foi proposto no Senado um Projeto de Lei Nacional (PL 3.258/2019, da Senadora Daniella Ribeiro - PP/PB) que garantiria a mulheres, pessoas idosas e pessoas com deficiência o direito de desembarcar fora dos locais de parada de ônibus no período noturno em todas as cidades brasileiras. Enquanto esse projeto não é aprovado pela Câmara dos Deputados e se torna a regra nacional, algumas cidades e estados têm se mostrado presentes neste assunto, como foi o caso de Salvador.
Consideramos esta uma grande e importante vitória na luta pelo fim das violências contra as mulheres, arregimentada pelos movimentos sociais na conquista e proteção de direitos. O impacto disso se dá automaticamente na garantia da acessibilidade aos transportes, com a qual se dá o alcance à saúde, educação, trabalho e até lazer; mas, sem sombra de dúvidas, impactam na segurança e na proteção à integridade física de mulheres na nossa cidade.
Vamos olhar de perto e entender um pouco melhor?
De acordo com a pesquisa de Origem-Destino realizada pelo Departamento de Infraestrutura de Transportes da Bahia, na Região Metropolitana de Salvador, a população feminina é significativamente maior que a de homens, e são as elas que realizam o maior número de viagens (50,9%). Sendo assim, o transporte público é usado principalmente pelas mulheres (44,18% dos usuários de ônibus são homens e 55,82% são mulheres).
As mulheres cis fazem parte do grupo de pessoas que podem gerar outra vida dentro dos seus próprios corpos. Assim, para gestantes, deslocar-se é algo naturalmente mais complexo. A situação piora se elas tiverem de fugir dos diversos riscos enfrentados em nossas cidades especialmente à noite. Ainda tem outra questão do corpo feminino que não é considerado quando nos deslocamos pela cidade. Mulheres menstruam, absorventes vazam, cólicas fazem doer, inclusive as pernas. E a urgência menstrual é algo sério e tão natural quanto respirar. Muitas vezes, poder chegar o mais rápido possível em casa é quase um caso de vida ou morte social.
(...) Continue a leitura no site do Observatório da Mobilidade de Salvador
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