Com o afrouxamento das medidas de restrição, a região central do Rio aos poucos volta a ter os espaços de lazer ocupados novamente. No entanto, alguns problemas antigos permanecem.
A Orla Conde, conhecida como Boulevard Olímpico, recebeu alguns ajustes consideráveis, como melhoria na limpeza do espaço e consertos dos bancos de madeira. Sem falar da pira, que não fica mais com água acumulada, já que agora recebeu na base uma vegetação. Mas saindo desse trecho próximo a Igreja da Candelária, são dezenas de reclamações.
Mesmo de dia, todas as luzes ficam acessas, gerando custos desnecessários. Boa parte dos pisos e calçadas em direção à Praça XV estão quebrados. Para piorar a situação, ainda colocaram fogo em um deck de madeira da orla.
Não é de hoje
A diretora do movimento Caminha Rio, que realiza ações por cidades mais inclusivas para pedestres, Thatiana Murilo, lembra que o local está degradado há bastante tempo.
O Boulevard Olímpico possui ao todo 3,5 km de extensão e corta regiões do Centro como Gamboa e Saúde. O espaço é um dos mais frequentados para passeios ao ar livre e turismo, como a visitação ao Museu do Amanhã, Museu de Arte do Rio, AquaRio e ao painel "Etnias", pintado pelo artista paulista Eduardo Kobra e considerado, à época, a maior pintura em mural do mundo.
O administrador Leonardo Stabilli estava distraído e quase caiu duas vezes ao passar pelo local com o chão cheio de imperfeições.
Neste ano, o prefeito Eduardo Paes sancionou, em julho, o projeto Reviver Centro, que incentiva a ocupação da região. Outros locais já receberam reformas e ajustes, entre eles a praça Mahatma Gandhi, e a Praça Paris, na Cinelândia.
Para piorar a situação, ainda colocaram fogo num deck de madeira da Orla. Foto: Francini Augusto
Carta aberta
A propósito da falta de políticas para manter em ordem os espaços de lazer da capital carioca, Thatiana Murillo lembra da carta enviada às autoridades em 2019, e cujo conteúdo na sua opinião permanece igualmente válido: "Esta carta aberta ao poder público foi assinada por várias organizações aqui do Rio em abril de 2019. Mas, diante da realidade mostrada na reportagem e dos recentes acontecimentos [referência à morte do pianista Nelson Freire], ela poderia ter sido escrita hoje", lamenta a diretora do Caminha Rio.
No texto, as organizações reivindicam que os governos adotem ações que possam levar a cidades caminháveis, acessíveis, com mais ciclovias e menos danosas à saúde. Segundo os ativistas, são pontos essenciais para mudar o quadro atual de violência no trânsito e de falta de priorização aos modos ativos de deslocamento tanto no Rio como nas demais cidades brasileiras.
Acesse aqui a Carta: "A participação da sociedade na construção de cidades mais humanas".
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