O Elevador do Taboão, um equipamento público histórico da cidade de Salvador, localizado no bairro do Comércio, voltou a operar desde a última sexta-feira (1º), após ficar mais de seis décadas desativado.
O equipamento funciona de segunda a sexta-feira, gratuitamente. Segundo a prefeitura da capital baiana, a capacidade é de até 14 pessoas por viagem, mas, devido à pandemia, serão transportadas no máximo oito pessoas por viagem.
Responsável por fazer a ligação entre o Pelourinho e o Comércio, o antigo elevador passou por obras de revitalização, nas quais foram investidos R$ 5,4 milhões provenientes de recursos municipais. O projeto de recuperação foi cedido para a Prefeitura pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional na Bahia (Iphan-BA).
A expectativa é que, com a reativação, o equipamento se torne um novo cartão postal da cidade. Além de contribuir para a mobilidade urbana, também deve impulsionar o turismo e a economia local.
A intervenção contemplou a restauração integral da estrutura e das duas estações de acesso nos níveis inferior e superior. Também foram modernizadas as instalações, para adequar a construção às normas técnicas vigentes, inclusive de acessibilidade universal. Além disso, o equipamento ganhou áreas com mesas e sanitários e as duas cabines foram climatizadas.
Modernização inclui reforma estrutural e acessibilidade. Foto: Igor Santos/Pref. de Salvador
Mobilidade urbana
Para o auxiliar administrativo Antônio Carlos de Santana, o elevador será de grande ajuda na sua rotina diária: “Eu moro no Cabula, pego um ônibus até a Baixa dos Sapateiros para, depois, descer a Ladeira do Taboão. Agora, vou acessar o Comércio com mais tranquilidade, conforto e segurança”, explica.
Esther de Jesus, que trabalha como gerente de vendas em uma papelaria da região, conta que a maioria dos clientes não conhecia o Elevador do Taboão, por este ter ficado tanto tempo parado: “Essa reforma foi algo importante para o comércio e acredito que vai abrir novos horizontes, até mesmo melhorar as vendas e atrair investimentos. Antes eu vinha de ônibus para o Comércio, agora vou poder vir pela Baixa dos Sapateiros, que é um caminho melhor.”
História
Inaugurado em 19 de janeiro de 1896 pela companhia Linha Circular de Carris da Bahia, o Elevador do Taboão, assim como o Lacerda, foi símbolo da modernização e marco da arquitetura em ferro na Bahia no final do século 19. O equipamento foi inserido em um projeto de melhorias urbanas em Salvador durante o segundo mandato de Antônio Gonçalves Martins (entre 1868 a 1871), o Barão de São Lourenço.
De acordo com registros divulgados pelo Iphan, os dois ascensores não significaram apenas uma simples importação tecnológica – o maquinário foi construído na Inglaterra, na oficina de W.G. Armstrong de New Castle, a mesma que forneceu para o Elevador Lacerda -, mas uma adaptação de concepções de transportes verticais prediais europeus às condições geográficas baianas, assim como uma inovação no modelo urbano encravado na rocha.
A engenharia e arquitetura que compõem o ascensor do Taboão marcaram época. As suas torres foram construídas com réguas de ferro chumbado cruzadas, com desenhos simétricos em forma de curva ou parábola.
O Elevador Taboão chegou a ser conhecido na cidade como “A Balança” e teve grande importância, ligando locais de moradia e de trabalho, oferecendo maior rapidez e facilitando a circulação da população. Ele funcionava diariamente, e a passagem custava 100 réis. Operou por 65 anos até ser desativado em 1959, e a partir de então o equipamento entrou em processo de degradação.
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