Semana passada publicamos a informação sobre os testes que a Marcopolo Rail está iniciando com o seu primeiro VLT Prosper numa ferrovia turística do Rio Grande do Sul. Centenas de leitores pediram mais informações e detalhes sobre o projeto e a possibilidade de levá-lo para outras localidades do país.
Para tentar esclarecer, entrevistamos Petras Amaral, o "head" da empresa, que ampliou a pauta e mostrou também a participação da Marcopolo no futuro "people mover" do Aeroporto de Cumbica em São Paulo.
Petras Amaral, da Marcopolo Rail Foto: Divulgação Marcopolo
O VLT Prosper foi anunciado como um veículo de motorização híbrida: diesel-GNV-elétrico. Como é essa composição e quais são as possíveis variações?
As propulsões podem ser a diesel com baixo nível de emissões, bimodal (sistemas diesel e elétrico operando alternadamente), híbrida (com baterias ou capacitores) ou elétrica. Pode ser constituído por composições de até quatro carros de 18 metros de comprimento, nas versões urbanas, turismo e intercidades. E as composições podem ser projetadas e fabricadas em versões para circular em trilhos com bitola métrica, standard (que tem 1,435 m) ou bitola larga, com 1,60 a 2 metros de largura.
O Prosper atende às necessidades de redução de contágios por microorganismos, como o da Covid 19?
As soluções da nossa plataforma Marcopolo BioSafe, criadas em 2020 para combater a contaminação por vírus e bactérias nos veículos, podem ser embarcadas como opcionais em todos os produtos da Marcopolo Rail, assim como já são nos ônibus. O VLT fornecido para a Giordani Turismo, que está iniciando os testes em Bento Gonçalves, tem todas as poltronas com tecido antimicrobiano.
É possível falar em custos? Qual o preço dessa primeira unidade e quais serão os custos projetados de operação e de manutenção?
O preço do Prosper varia em função da propulsão, opcionais, nível de customização, bem como volume do pedido, portanto, nossa equipe técnica faz uma avaliação criteriosa de cada configuração antes de definirmos a precificação.
Por que a Marcopolo - tradicional empresa de ônibus - ingressa agora na área de transporte sobre trilhos?
Na verdade, iniciamos nossa atuação no setor metroferroviário em 2017, com o desenvolvimento de "people movers" junto com a (também gaúcha) Aeromóvel. Os veículos foram fornecidos para a cidade de Canoas e representaram uma uma evolução tecnológica significativa em relação aos veículos que já estavam em operação. A Marcopolo entrou neste segmento porque está focada no futuro da mobilidade no país, que precisa avançar no sentido de promover deslocamentos de alta capacidade com velocidade, eficiência e conforto.
A companhia enxerga boas oportunidades de negócios no setor metroferroviário brasileiro, como o desenvolvimento da indústria nacional, além de oportunidades na América Latina. Temos expertise, capacidade de produção e preços competitivos.
A Marcopolo também está no consórcio AeroGRU, que vai construir o sistema de conexão entre os terminais do Aeroporto de Cumbica . Qual é o papel da companhia nessa adaptação do Aeromóvel?
Não participamos diretamente do consórcio, mas seremos fornecedores de três composições de dois carros, conhecidos como "people movers". O sistema terá funcionamento autônomo e fará um trajeto de quase três quilômetros entre a estação da linha Jade da CPTM até o Aeroporto Internacional de Guarulhos em apenas seis minutos. Este projeto também demonstra o potencial deste segmento no Brasil para servir os aeroportos de forma rápida e eficiente. Quem nunca ficou preso no trânsito, com risco de perder o vôo por causa dos engarrafamentos na região dos aeroportos? Com os "people movers", ampliamos a nossa atuação metroferroviária, reforçamos nossa estratégia de parcerias e levamos serviços e veículos há muito tempo demandados pelos passageiros. Esse projeto mostra também a capacidade das empresas brasileiras neste setor, com veículos que podem ser exportados para outros países com o mesmo nível de qualidade mundial.
Há alguma negociação para projetos de VLTs urbanos, no Brasil ou em outras cidades do mundo?
Sim. Temos buscado novos negócios através de editais públicos, bem como implementação de sistemas pela iniciativa privada, tanto no Brasil como no exterior, principalmente na América do Sul.
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